sábado, 26 de janeiro de 2013

POÉTICA

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor..."

Manuel Bandeira

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

*************

Num país de nostálgicos nevoeiros,
de paisagens em lenta mutação,
largarei de repente o meu bordão...
E hão de pasmar os outros caminheiros!

E andando como a lua nos outeiros
ao encontro da lenta procissão,
pousarias a mão na minha mão...
enamorados sempre... e sempre companheiros!

E diante de tão doces aparências
quem diria que em duas existências
nos separara o mundo - anos inteiros?

E, sentados à sombra de uns olmeiros,
trocaríamos falsas confidências...
cheias de sentimentos verdadeiros!

Mário Quintana

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre todas as Coisas...

Dirce me enviou de presente todos os  seus livros de poesia e eu sempre enviei a ela os meus poemas capengas.  Mas, foi com o último deles, " Canto Liso", que me identifiquei. Então, como Narciso só gosta de espelho mesmo, vou logo postando um que eu teria escrito se tivesse talento para tanto. Pat. 

Tolice, fazer acreditar
no que não existe.
Ver para crer, dizem.
Não, não: é justo o oposto
crer para ver.
O que seria de nós
sem as coisas que não existem?


 Canto Liso-Dirce de Assis Cavalcanti-