quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Feliz Ano Novo!


Costumava pensar no ano novo como mais um ano. Sim, mais um ano! Após mais de quarenta anos penso a cada final de ano: menos um! Parece ruim, mas não é. Este inusitado ângulo torna a vida urgente; os sonhos para ontem; as circunstâncias passageiras e as pessoas mortais. Tudo tem mais valor, porque a maturidade deixa claro que nada é para sempre. Isto aumenta a relevância dos afetos e da saúde- cá entre nós é o que realmente importa- O que torna a vida preciosa é justamente a consciência da sua efemeridade. Neste novo ano, desejo que todos possamos desfrutar ao máximo o nosso tempo, torcendo para que ele seja repleto de SAÚDE, PROSPERIDADE E MUITA PAZ. FELIZ ANO NOVO!  

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sobre a Saudade...


 Parece um sonho

“Parece um sonho que ela tenha morrido!”
Diziam todos... Sua viva imagem tinha carne!...
E ouvia-se, na aragem, passar o frêmito do seu vestido...

E era como se ela houvesse partido
E logo fosse regressar de viagem...
-até que em nosso coração dorido
A dor cravava o seu punhal selvagem!

Mas tua imagem, nosso amor, é agora
Menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...

Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a diz, então:
“Parece um sonho que ela tenha vivido!”  

(Mário Quintana)

" O amor foi começado
  O ideal não acabou,
  E quem tenha alcançado
  Não sabe o que alcançou"

(A morte chega cedo-Fernando Pessoa)

"Jamais serão o mesmo
  o vivido e o recordado."

(Dirce de Assis)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sobre Ventos Que Passam...


"Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão;
Há sempre alguém que resiste,
Há sempre alguém que diz não".

(Manuel Alegre, Trova do vento que passa).



" Teimoso aventureiro da ilusão,

Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado."

(Miguel Torga, in Diário X) 


           

“...Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?...”

(Lisbon Revisited- Poemas de Álvaro de Campos)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sobre Poemas...Sobre o Mistério ...


Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema - ainda que de Deus se aparte-
um belo poema sempre leva a Deus!

(Mário Quintana)


"Sim, o mistério do tempo.
Sim, o não se saber nada,
Sim, o termos todos nascido a bordo.
Sim, sim, tudo isso, ou outra forma de o dizer..."

(Poemas de Álvaro de Campos) 


"...Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade."

(José Saramago) 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sobre O Que Não Passa...Memória

Memória

(Carlos D. Andrade)

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sobre Retratos, Espelhos e Outras Ilusões...


“No retrato que me faço
-traço a traço-
Às vezes me pinto nuvem,
Às vezes me pinto árvore...”

(Mário Quintana)


"Nem nunca, propriamente reparei, se na verdade sinto o que sinto.
Eu serei tal qual pareço em mim?
Serei tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente...”

(Fernando Pessoa)

“O que o retrato conta
E o que ele esconde:
Quanto mais perfeito
Mais falsificado.”

(Dirce de Assis)

"...Pois estou infinitamente maior que eu mesma,
E não me alcanço."

(Clarice Lispector)

domingo, 22 de junho de 2014

Sentimentos...


Das Ilusões- Mário Quintana

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


"Com ímpeto e risco
arranco
nacos de alegria
desse insosso
dia a dia".

(Dirce de Assis)


Ilusão- Augusto dos Anjos

Dizes que sou feliz. Não mentes. Dizes
Tudo que sentes. A infelicidade
Parece às vezes com a felicidade
E os infelizes mostram ser felizes!


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Sobre o que não passa...

Tudo tem uma primeira vez
se repetida perde o encanto.
No entanto, há vezes, primeira ou não,
tão carregadas de eternidade,
da insidiosa presença que nos persegue
que, não fosse o medo, o pré-gosto da morte
que virá um dia, quase se poderia acreditar
na imortalidade.

(Poema de Dirce de Assis)

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
 Ambos existem; cada um como é."

(Poemas de Alberto Caeiro)

Da Realidade...

O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! Quanta vez a vida nos revela
Que "a saudade da amada criatura"
É bem melhor do que a presença dela..."

(Mário Quintana)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

"Ensina-me a Passar!"


"Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser."

(Poemas de Alberto Caeiro- Fernando Pessoa)


"...Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido-
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso-e foi afinal o melhor de mim-e que nem os Deuses fazem viver..."

(Poemas de Álvaro de Campos-Fernando Pessoa)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Poemas...

Desembrulhar a vida a cada dia.
Receber o embrulho, sempre
em papel de presente,
desfazer o nó, dado cuidadosamente
no cordão ou na fita. Abrir o pacote.
Com aflição ou alegria, exclamar:
"Ah! Então era isso!"

Dirce de Assis- Em Carne Viva.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Poemas...

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros - perdi-os...
Tive amores - esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei...

Trecho/Testamento -Manuel Bandeira-

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Poemas...

Poemas...Asas...


" Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura..."


Poemas- Alberto Caeiro/Fernando Pessoa.