“Haja ou não deuses, deles
somos seus servos”
Fernando
Pessoa
Ando cansada de ouvir noticiários. Desisti!
Cansada da Lava-Jato; da palavra propina; dos argumentos no Senado; de moças
dopadas. Não tenho mais cabeça para tanto fuzuê. Vou ler gibis... O Brasil
dança tonto desde sempre: um passo à frente, dois atrás! Capengando, cai não
cai...
A maioria das pessoas acredita em destino.
Curioso que a maioria também creia em livre-arbítrio. Talvez tenhamos algum
gene especifico ligado à crença. Isto justificaria a nossa tendência em crer,
independente do objeto.
A capacidade de crer é normalmente
considerada virtude. O gene nos impeliria à crença, mas, a forma como nos
relacionamos com ela vai além. O Brasil é um bom exemplo: quase a totalidade da
população crê em Deus; tememos os castigos divinos. No entanto, esta virtude não
nos impede de estar entre os dez países mais violentos do mundo.
Somos por formação, exploradores,
imediatistas e ressentidos. Brancos aventureiros, cujo principal objetivo
era carregar tudo que estivesse ao alcance, misturaram-se com jovens índias, meninas,
que se entregavam por um espelho. E, posteriormente, com negras escravas. A tão
romantizada miscigenação brasileira...
Começo ruim, mas a questão é: poderemos mudar
a nossa cultura de exploração, que vai de afanar parte de um troco a
apropriar-se de bilhões? Do porteiro do condomínio ao Presidente da República
todo mundo querendo levar vantagem! Se pessoas tem destino o mesmo deve se dar
com países, planetas e sistemas. Será que a sina do Brasil é abrigar pessoas
que sucumbem a exploração desenfreada?
Seriam os insondáveis passos do destino
guiados por nossas escolhas, motivadas pelas circunstâncias e
por nosso caráter, ou por fatalidades regidas por vontades metafísicas? Talvez
as nossas escolhas definam as nossas fatalidades e mesmo os deuses se curvem a
elas... Detesto contrariar Fernando Pessoa...
Se quisermos mudar a nossa “sina”,
precisaremos formar novos brasileiros, com uma nova mentalidade. Único modo de
alterar as nossas escolhas.
Por hora, tento apenas trocar os telejornais
por Marvel. Exerço o meu livre arbítrio com o Capitão América, só para provocar
à esquerda.