sexta-feira, 22 de junho de 2012

Reversibilidade

Charles Baudelaire (1821-1867) Poeta francês, considerado o pai da poesia moderna. Era como os modernistas que vieram após ele. Acima de tudo um realista que detestava a reprodução de um mundo fantasioso em poemas. Seus poemas nos descortinam um mundo objetivo,tal como é! Não há espaço para a subjetividade; para o que  se supõem atrás das vestes. Baudelaire nos apresenta  o nu.
Foi após ler o poema “reversibilidade” que percebi a instrumentalidade da poesia. Este poema revelou-me! Nele desabrocharia o meu “entusiasmo” poético! Baudelaire foi o adubo... Adoraria ter me descoberto em prosa! Mas a minha integridade se dá na poesia, porque ela inclui também o meu pior.

Patrícia.

Ó Anjo de alegria, já viste a desgraça,
Os soluços, o tédio, o remorso, as vergonhas,
E o difuso terror dessas noites medonhas
Que o peito oprime como um papel que se amassa?
Ó Anjo de alegria, já viste a desgraça?

Ó Anjo de bondade, já viste o rancor,
As mãos em gesto aflito e as lágrimas de fel,
Quando brande a vingança o seu apelo cruel
E de nossas virtudes torna-se senhor?
Ó Anjo da bondade, já viste o rancor?

Ó Anjo de saúde, já viste os delírios,
Que, ao longo das paredes do asilo alvadio,
Como exilados vão em passo tardio,
Movendo os lábios e buscando a luz dos círios?
Ó Anjo de saúde, já viste os delírios?

Ó Anjo de beleza, as rugas já não viste,
Não viste o medo da velhice e este suplício
De ler esfíngico pavor do sacrifício
No olhar que outrora no saciou a gula triste?
Ó Anjo da beleza, as rugas já não viste?

Ó Anjo de ventura e júbilo e clarões,
Davi da morte se teria levantado
Sob os eflúvios de teu corpo enfeitiçado;
Mas a ti só imploro as tuas orações,
Ó Anjo de ventura e júbilo e clarões!

No poema original, em francês, Baudelaire escreve: Ange plein de gaieté; Ange plein de bonté...Ou seja, a tradução mais correta seria: Anjo todo ( ou cheio de) alegria; Anjo todo (ou cheio de) bondade e não “de”, como se vê na maior parte das traduções para o português. (Observação minha, sujeita a erro).

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vincent


Tenho falhado em tudo! Meu consolo é Vincent...

Vincent Willem van Gogh ( 1853 - 1890) foi um pintor pós-impressionista holandês frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.
Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos vitais para um homem em sua época: Não se casou; não teve filhos;. Foi incapaz de constituir família, de custear a própria subsistência. Van Gogh tinha ainda muita dificuldade em manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
Morria o louco, nascia o gênio da pintura.