quarta-feira, 31 de agosto de 2016

PMDB e Erínias...

A nossa “presidenta” caiu hoje, dia 31 de agosto de 2016. Durante todo o processo de impeachment ela se repetiu. Aloprada do começo ao fim, insistiu nos universos paralelos. Continuou atribuindo a culpa de sua péssima gestão a uma suposta crise externa. Afirmou que o seu impedimento seria fruto do espírito vingativo do ex-aliado Eduardo Cunha; desconversou os crimes de responsabilidade que cometeu e posou de vítima.
Dilma não hesitou em usar o seu passado, forçando uma comparação dos contextos. Romantizou a sua condição de ex-presa política tal qual fazem os charlatões que se valem das tragédias para levar alguma vantagem... A mulher que faz questão de ser chamada de presidenta, estranhamente, agradecia com um “obrigado!” em vez de “obrigada!” sempre que recebia elogios dos companheiros de partido.
Dilma nunca foi tão Dilma! O que por certo só reforçou as convicções de todos os brasileiros que desejavam a sua saída. Sim, ela caiu! A perda do mandato acarretaria também a perda dos direitos políticos, tal qual sucedeu com Collor em 1992, mas não foi o que ocorreu.
 Na última hora alguns peemedebistas articularam com os petistas e optaram por manter os seus direitos políticos intactos. Pode parecer que decidiram pela condenação parcial por estarem inseguros sobre a responsabilidade da presidente ou receosos com a reação  vermelha. No entanto, a minha leitura é de que preferiram não fechar as portas aos petistas, afinal, foram parceiros em muitas empreitadas e empreiteiros. Vai que Lula volta! 
Os peemedebistas tem essa característica: nem sempre sentados no trono, mas sempre aliados dos que se encontram nele. Ainda que isto implique na total falta de ética e covardia.  Eles têm exceções! Simone Tebet é a mais bonita delas.
Após o resultado, Dilma cantou a pedra: “vamos à guerra!”. Ela não parece estar com muito medo de fechar portas.  
Hoje, para mim, o PT deixou de ser o que tínhamos de pior na política. Não há nada mais rasteiro que essa barganha explicita. Após esse arranjo vergonhoso endossado pelo Poder Judiciário, absolvo a nossa esquerda bananosa. Espero que ela atormente Temer como as implacáveis erínias fizeram com Orestes. Golpistas! 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Esquerda e Emulsão de Scott

Quando eu era criança minha mãe, movida pela melhor das intenções, comprou para mim e minhas irmãs um suplemento alimentar com o objetivo de ajudar no nosso desenvolvimento físico e mental. Tratava-se da coisa de sabor mais horrível que um pobre ser de cinco, seis anos, pudesse ser condenado a aturar.
No primeiro dia fizemos uma “filinha”. Ela destampou a garrafa marrom que tinha o desenho de um homem com um peixe enorme amarrado nas costas. “Emulsão de Scott! Ótimo para a saúde!” A minha irmã mais velha sempre foi muito ajuizada, logo tomou. Fez uma “carinha ruim”, mas resignou-se. A mais nova, antecipou-se a mim, com a total inocência do que a esperava. Tomou! Fez uma série de caretas e pediu um doce para tapear o gosto. Na minha vez já havia captado todos os sinais de que a coisa era medonha!
 Falei que não queria, mas minha mãe argumentou que não era ruim; que eu cresceria forte e inteligente. Ela chegou a colher perto da minha boca e disse autoritária: “Abre a boca e toma!” Comecei a chorar. Aproveitando-se do momento, em um golpe baixo, enfiou o líquido na minha boca. Cuspi o que pude, mas parte do gosto que lembrava peixe morto dias, permaneceu até hoje na minha memória. Nunca mais comi peixe!
Dali para frente eu sempre corria da “filinha”, forçando-a a correr atrás de mim com a garrafa e a colher na mão, dizendo que eu não iria crescer e jamais seria inteligente. Cresci com boa saúde e um intelecto dentro da média. Mas devo admitir que aquele homem e seu peixe morto, eternamente amarrado nas costas, deslancharam a minha constante distorção dos conceitos.
Sempre que alguém, mesmo quando bem intencionado, me diz que algo é bom; que me trará saúde, prosperidade e felicidade, convenço-me de que estou diante de um péssimo negócio. Tenho muito menos precaução com as chamadas porcarias, as coisas que a maioria diz que são ruins. Por esta razão nunca fui comunista, mesmo sendo de uma geração em que ser comunista significava ser inteligente e saudável, no mínimo CULT.
Fui um dos poucos alunos que os professores, em especial os de História, não conseguiram arrebanhar para a “filinha” comunista. Assim que disseram que o Estado agigantado/paternalista era bom e o enxuto/competitivo era ruim, cismei... Quando disseram que Cuba era um paraíso e os USA um inferno, saí correndo deles, sem olhar para trás.
 Não sei se existe alguma relação entre o consumo de Emulsão de Scott e a manutenção das ideias neoliberais. Se houver, é possível que a nossa esquerda bananosa confisque todas as garrafas. Para mim é tarde! O estrago já foi feito. Desconfio de todo mundo que diz que vai cuidar dos meus interesses; que corrompe tudo em nome da coletividade. 
Aliás, depois da nossa experiência com o PT, recomendo que desconfiemos inclusive das mães bem intencionadas.

(Emulsão de Scott com a fórmula que aterrorizou milhares de crianças foi lançada nos EUA em 1876. Embora o óleo de fígado de bacalhau seja utilizado desde o séc. XVIII. Vendido em mais de 160 países, ele é a prova absoluta de que o objetivo do capitalismo é vender o peixe. Muita propaganda, o que leva a mitificação, ao exagero. No entanto, a maioria das mães adotaram os métodos bolcheviques para garantir que os filhos consumissem o tal remédio) 

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sobre o Desprezo pelo Inquestionável...


Se fosse escritora escreveria muitos diálogos, acho divertido...Segue uma das minhas diversões capengas. 

Abre-se o céu; ouvem-se trombetas;
Que tragam o réu...
- Que fez criatura maldita?
- Vi a face oculta daquele que me julga.
- E como se entregou a tal desdita?
- Visão...
- Ó cínico! Por que não lhe bastaram os instintos?
- E o juiz sabe o porquê da criação?
- Muita solidão no nada do infinito...
- Que ironia eu ser parte da vossa salvação!
- Mas, errei! Pois aqui julgo um proscrito.
- Fizestes do perfeito a imperfeição?
(Silêncio no Tribunal...)
- Antes nunca tivesse me arrancado o véu.
- Tropecei; agarrei-o para não cair do céu. Foi quando vi
Que era escravo e vós ilimitado.
- Viu pela primeira vez o imutável...
- Vi tudo, menos liberdade.
- A luz não alcança o insondável...
- Mas arde!
- Por sua demência será condenado!
- E a qual castigo julgador amado?
- A consciência da infelicidade...
- Por toda a eternidade?
- Até que a ciência o refaça.
(As asas do réu são quebradas e ele atirado a terra).
(P. Ubert)

domingo, 7 de agosto de 2016

Fé e Fortuna...

Com muito desgosto assisto as extorsões, trapaças e crueldades feitas em nome de Jesus. Muitos “líderes religiosos” abusam da boa fé de milhares de brasileiros, acumulando fortunas.  As sacolinhas correm em troca da promessa de alguma graça. A bondade de Jesus é diretamente proporcional ao dinheiro que o fiel deposita.
 Outra constatação lamentável: cada vez mais, crianças têm sofrido abusos de toda ordem, após serem “diagnosticadas” como endemoniadas. A intolerância é disseminada, separando amigos, casais e familiares.
A fé barganhada está saindo muito caro para o Brasil, em todos os sentidos da palavra. Até Jesus por aqui é superfaturado. Que o verdadeiro bem nos proteja de experimentarmos uma Idade das Trevas, onde se costuma trocar a chama da ciência pela da fogueira.