John Donne (1572 –1631) foi um poeta inglês, maior representante dos poetas metafísicos da sua época. Sua obra é carregada de sensuaidade e realismo. Sua poesia possui linguagem vibrante, contendo metáforas muito bem construídas. A reflexão sobre a morte, abaixo, é, na minha opinião, uma das melhores do poeta. Não é fácil fazer poesia sobre o tema, mas Donne consegue com tanta lucidez ! Sem pieguice; sem pavor... Que bom gosto!
“ Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem
Poderosa, temível, pois não és assim.
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás.”