“O homem é do tamanho do seu sonho” ou dos seus genes?
Fernando
Pessoa, desassossego em pessoa, escreveu no Livro do Desassossego: “Haja ou não
deuses, deles somos servos”. Acho muito interessante porque o tão decantado
livre arbítrio, “querer é poder”, sempre me causou certa desconfiança.
É
um argumento muito usado pelas religiões para deixar claro que você só não é o
que esperam que seja porque é um calhorda fraco. Em todo o caso, cada um deve
ter gravado em seus genes as “calhordices” que merece.
Fernando estava certo: somos escravos, de um jeito
ou de outro. Menos mal! Quantos de nós não estaríamos piores se pudéssemos decidir inexoravelmente os nossos destinos? Mas, e os sonhos? Os sonhos repousam à sombra da nossa realidade, esperando o beijo apaixonado do tempo, que,
para nosso azar ou sorte, pode ser eterno.
Fiz uma reflexão
poética sobre o tema. De mim para Fernando; de um desassossegado para outro:
Sou escravo como foram
meus ancestrais;
Um corpo
atado ao tronco, sob a chibata dos heróis e das quimeras;
Arrastando
minhas correntes desde que lançado aos espaços siderais,
Vou sendo
parido e decomposto para muito além das eras.
(Querem saber? O homem é do tamanho da sua alma)
(Querem saber? O homem é do tamanho da sua alma)
(P. Ubert)
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