quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Só Alguns Dias...

Preciso dar uma arejada, sigo hoje para São Paulo. Acho que sou a única pessoa nesse país que busca sossego em São Paulo. A cidade é a minha fazenda Tara, onde me sinto em casa. Depois, aqui está muito quente e seco, ar pesado... Deve ser os ventos que sopram do Congresso. Só espero não me encontrar com alguma trupe petista. Vão manifestar na praia!  

Vou rabiscando reflexões... 

Há em cada parte sua,
Em cada rua,
O tudo e o nada.
Nas calçadas os passos se apressam;
Nas filas as horas se apertam;
E os olhos entrelaçam
As pastas, os maços e os gestos.
Da janela do meu quarto
Observo a sua face;
Subitamente, me sinto à vontade...
Absorvida por tantas outras faces,
Respiro a paz da invisibilidade!
Mas há também os seus zumbis
Que vagam descartados;
Cercados por sobras e ratos,
Sombras em meio ao frenesi.
Embaixo o metrô,
Que passa rápido!
A mulher nua, o prazer,
Que passam rápido!
E tanta gente solitária...
Olho da janela;
Você que não é minha;
Que é de todos;
Que não é de ninguém;  
Que testa o verso;
Que expressa o caos;
Que expõem o avesso;
Além, muito além,
Do cadáver molhado;
Do vistoso casaco;
Do leitor concentrado;
Do rosa, do choque;
Do transviado!
O mundo inteiro é aqui.
No quadro da janela,
Eu, um delírio real
De carne e vontade,
Igual a outro,
Que passa rápido!

(Patrícia Ubert)

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