terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sobre a Futilidade...


“Vão-se os anéis e não fica nada.”

Quando “aparecer” torna-se sinônimo de “existir” significa que adoecemos de vaidade. Os jovens, em especial, têm cometido vários crimes para aparecer nos jornais, na TV, nas redes sociais. A vaidade desmedida rouba-lhes a existência.      

        Há um acentuado desencontro entre o que desejamos, seja por estímulo ou tendência, e as nossas reais potencialidades. Querer não é necessariamente poder, mas todos os meios de comunicação nos dizem o contrário. Aquele que não busca a todo custo alcançar as estrelas soa como um fracassado, ainda que baste a ele admirá-las de longe. A mídia tornou fama sinônimo de sucesso; e o sucesso equivale-se a felicidade.
         O espetáculo de mau gosto e a ausência de limite generalizada são efeitos desta confusão. O sonho de brilhar pode ser motivador, mas também perigoso. Se desprezarmos o ordinário, o corriqueiro, nunca alcançaremos o extraordinário. Ao eliminarmos um, fatalmente eliminamos o outro. Seria extremamente salutar separamos notoriedade de contentamento. A real satisfação prescinde de alardes.
   Difícil tarefa, já que nem com Deus podemos contar mais; ele parece definitivamente fazer parte do show business.  A divindade deveria ser singela e não suntuosa.

Abaixo, a minha reflexão poética esculachada...

Acho-me em constante desencontro
No embate entre o sonho e a insônia;
Na inquietação e no compromisso;
No que falo e sinto; o certo, o errado...
Os dois lados das convenções humanas;
E para aliviar o drama aviaram-me
Um Deus nobre, austero e sem face;
Que se mede pela quantia no envelope.  
 -Um suntuoso esculacho!-

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