sábado, 1 de janeiro de 2011

I' ll go to banana

        Hoje, 31 de Dezembro, encerra-se um período de 8 anos onde pela primeira vez um partido de esquerda assumiu o poder no Brasil, várias coisas foram feitas, nem todas boas e nem todas ruins, mas esse texto dedicará exclusivamente a uma decisão que não deveria envolver política, ideologia, e que não há espaço para se relativizar ou flexionar-se o objeto final. A negativa de Lula de se extraditar o terrorista italiano do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) Cesare Battisti, julgado e condenado na Itália por 4 homícidios e tentativa de homícidio.
     Quando o STF resolveu deixar ao líder do executivo a decisão de conceder ou não o refúgio já havia a prenúncia de que algo errado estaria se desenhando, afinal, o colegiado decide, interpreta e dá sentido único a legislação e o que mais houver. O colegiado (infinitamente mais capacitado que o executivo nessa matéria) votou, concluiu que a extradição anda junto, vai ao encontro do tratado internacional entre os dois países, que democraticamente estabelecidos acordaram.
     A Itália o condenou, com todo rito de uma legislação constituída democraticamente, nosso judiciário decidiu corretamente pela extradição, mas falhou gravemente ao deixar a palavra final ao líder do executivo, claro, tudo arquitetado pelos  tentáculos do mesmo.
     Qual o motivo? Primeiramente essa decisão, 18/11/2009, próximo do anúncio da então candidata Dilma Roussef a Presidência geraria enorme prejuízo eleitoral, enorme prejuízo a imagem de Lula (e Dilma), já que não há explicação e nem embasamento para tal resolução do mantê-lo aqui. Chegamos a primeira conclusão, protelar uma decisão judiciária em prol do jogo político, primeiro grande erro.
     Lula preferiu dar ao seu ´´grand finale´´, nas últimas horas de Presidente, um desfecho terrível, um fim trágico e incompreensível, manter um terrorista com trânsito em julgado por 4 homícidios (todos crimes de sangue não havendo nenhum momento do processo, nem do entendimento do judiciário italiano nem brasileiro a motivação política), esse foi o último capítulo, menos trágico apenas que o de Getúlio Vargas. Tememos de agora em diante que essa causa que se abre, esse novo caso Ronald Biggs, onde o ´´Brazil´´ te receberá sempre de braços abertos, seja você terrorista, assassino, ladrão de trem, ou qualquer outro que se enquadre nessa colocação, os trópicos latinos lhes dão as boas vindas, aqui esta o segundo erro, o do precedente histórico aberto.
     Caberia ao menos que se justificasse a razão da decisão, ao invés de se embazar nos seus advogados particulares da AGU, Lula deveria justificar ao menos para o filho de um dos homens mortos por Battisti, Alberto Torregiani,  ceifado aos 15 anos de vida a uma cadeira de rodas  proveniente do fato que assistiu a morte de seu pai, ´´a minha condição é de prisão pérpetua e não tenho como recorrer a tribunais como ele´´.
     Na República de Bananas algumas explicações não se explicam, a distinção de atos não se explicam, nada se explica. Aos atletas cubanos do Pan/2007, nunca criminosos, foram entregues em bandeijas de prata ao amigo Castrista e devem estar provando o gosto de serem´traidores do regime, Battisti não, esse será condecorado com a liberdade que sempre constestou, contra o regime que sempre lutou, a você Battisti, ´´Welcome to BraZil´´ (de Biggs e Battistis).

Bruno Silva (Bruno Silva é formado em História pela UFGO).

Um comentário:

  1. É uma pena, estava olhando os jornais italianos na internet, (e decifrando as imagens junto com meu ótimo italiano), eles estão indignados.
    Chamaram de volta o embaixador italiano em Brasília, não entendo pra quê tanto desgaste.

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