Hoje, 13 de maio de 2020,
comemoramos 132 anos da abolição da escravidão. A escravidão é uma
particularidade da nossa espécie; nela, um ser humano se torna propriedade de
outro por imposição da força.
A escravização de negros em massa os tornou as vitimas mais recentes desta
vexatória tendência humana, mas muitos brancos foram igualmente escravizados.
Atualmente a opressão pode se dar de forma sutil, velada, mas, não é isso que
quero discutir neste texto, aliás, o meu foco é justamente o contrário; quero
discorrer sobre a liberdade...Por qual razão a liberdade, antítese da
escravidão, nos é tão cara? Por que é tão discutida, poetizada, desejada?
Entre nós, a liberdade pode ser definida como o direito de agir de acordo com a
nossa vontade; a filosofia contesta se a vontade é livre, mas me manterei no
raciocinio mais raso. Na prática, embora o poder de escolha seja um
direito nato, ele depende muito do contexto social, das regras estabelecidas;
as regras são a sintese dos valores de um povo, legitimados pela figura
do Estado constituido.
Assim, grosso modo, poderiamos concluir que o papel fundamental do Estado
que tem na liberdade um valor, seria o de assegurá-la ao seu povo; quanto
mais um Estado for evoluído menos ele interferirá nas escolhas pessoais que não
causem prejuízo ao conjunto. Por esta razão a Holanda desponta como um dos
países com maior qualidade de vida física e mental para se viver.
Indiscutível é que em todas as épocas, em todos os Estados que limitaram a
liberdade individual, por tradição ou ruptura institucional, houve resistência
e luta contra o cerceamento. Milhões de pessoas morreram por liberdade; os
pássaros engaiolados a almejam; os felinos enjaulados andam em círculos
atordoados por sua ausência; as plantas rompem pedras para obtê-la; os peixes
tentam fugir dos limites das redes; as cobras atacam quando acuadas; os
insetos...
Lutar por liberdade é um instinto natural. Este fato, torna muitos brasileiros
uma exceção, mais, uma anomalia da natureza. Os brasileiros que foram as ruas
pedindo a volta do AI5, ao menos o que sabem o que representou aquele Decreto,
deveriam no mínimo ser estudados. São os primeiros humanos a lutar contra a sua
própria liberdade; a exigirem que o Estado os impeçam de escolher; que os
coloquem em posição de servos e não de cidadãos.
Somos mesmo um povo muito diferente! Que os deuses nos protejam de nós mesmos!
Viva o 13 de maio de 1888! Abaixo o 13 de dezembro de 1968! Já estou
polindo a armadura para a luta...