domingo, 30 de outubro de 2016

"Fé demais não cheira bem"

Costumava comentar na coluna de um liberal radical. Não gosto de radicais, mas, como sou radicalmente antipetista, ele era o meu mal menor. O mundo é radical! Viver é radical! Deus, caso exista, deve ser radical... Em um dos seus posts ele disse que estamos sempre às voltas com extremos. Comparou nossos valores com um pêndulo, reportando-nos ao velho e sábio chavão de que o equilíbrio só pode estar no meio. Eu completaria o raciocínio dizendo que um extremo leva a outro.
 Para cada ação uma reação proporcional, explica a lei da física. Machistas, por exemplo, geram feministas que geram mais machistas, dando movimento ao pêndulo. Somos equivalentes a este previsível balanço. Condenados a um “vai e vem” sem fim.  Nossos discursos extremados o eterno “tic tac” que ecoará até que a morte nos traga alguma surdez ou novidade.
Ele foi bem até escrever: “Estado e Igreja eram praticamente uma só coisa. A religião oficial mandava e desmandava, o “herege” não tinha uma vida nada fácil. No limite, tivemos até a Inquisição e um índice de livros proibidos. Nada mais legítimo do que o iluminismo, as bandeiras racionalistas e laicas de pensadores como Voltaire e Hume. Por que os agnósticos, ateus e crentes de outras seitas não podem conviver em paz? Agora vamos comparar isso com o ateísmo militante moderno, que parece confundir estado laico com antirreligioso, saindo da posição de perseguido para perseguidor, extremamente intolerante para com tudo que remeta ao cristianismo, ignorando inclusive que ele é parte inseparável de nossas tradições e cultura. O pêndulo não exagerou aqui também?”.
Balela! No Brasil não há ateus! Que dirá militantes ateus perseguidores! Por aqui chamamos de ateu o sujeito que simplesmente manifesta uma e outra dúvida quanto as  verdades absolutas impostas pelos ditos representantes de Deus. Basta insinuar alguma crítica às sagradas escrituras para ser rotulado de ateu. Aliás, os nossos “ateus” sofrem mais preconceito que gays e negros.
Os teístas se sentem pessoalmente ofendidos quando alguém questiona os seus dogmas, a sua moral religiosa. Manifestar-se contra as ingerências das religiões na intimidade dos indivíduos faz daquele que se manifesta um doutrinador cético. No entanto, quem faz discursos e sermões usando a perspectiva do inferno eterno como método de persuasão é o crente. Isto sim é doutrinar! Doutrina e chantagem...
 Deveríamos substituir a ideia de moral cristã pela ética cidadã. Ateus no Brasil seriam bem vindos, eles poderiam representar o equilíbrio do pêndulo. Um pouco menos de religião nos faria bem. Existem guerras e farsas demais em nome do pai...
Não ligo para teístas, desde que não instituam a crença cega e o dizimo obrigatório. Particularmente, só quero o meu direito à dúvida.           

sábado, 22 de outubro de 2016

Feminismo? Tô fora!

         O conceito de feminismo foi atualizado. Hoje significa: “Um conjunto de ações que tem como objetivo direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero.
Sabemos que o feminismo surgiu para se opor ao machismo. Ele já contou com discursos inflamados, exigindo, inclusive, o direito de urinar em pé. Sutiãs em chamas, tempo quente aquele... Foi um movimento importante, sobretudo na década de 60 e 70, mas,hoje, seria muito mais interessante para quem pretende desmistificar os gêneros falar em direitos e garantias da espécie humana. Quando as feministas afirmam que lutam pelo direito das mulheres, dos gays, dos trans, já estão classificando, rotulando as pessoas, o que é à base da hierarquia, da divisão, nas sociedades. A maioria delas faz declarações cheias de misandria para criticar a misoginia, sobretudo as feministas de esquerda. Há uma tendência da esquerda em tratar coisas iguais como se fossem opostas.
 Esta é a grande falácia das feministas: ridicularizar e demonizar o machismo através do feminismo. Elas substituem os padrões machistas pelos seus, impondo regras igualmente rígidas de comportamento a todas as mulheres.
Você, mulher, é obrigada a ter orgulho de sua condição, que para o feminismo doente equivale a fazer tudo o que os homens fazem. Surge aí a confusão entre direitos iguais e igualdade de gêneros. Primeiro: as mulheres querem fazer o que os homens fazem?  Segundo: os homens querem fazer o que fazem? A coisa é bem aguda...Minha vocação liberal e poética me impele a crer que o principio da liberdade é fazer o que temos vontade de fazer, resguardado o direito do outro. Haveria coerência entre os nossos sentimentos e atitudes, o que equivaleria a menos hipocrisia.
Quando uma feminista ordena: VOTE EM MULHERES! Ela está demonstrando todo o sexismo que teoricamente combate. Para votar a última coisa que importa é o sexo do candidato. Basta imaginar um homem fazendo o mesmo discurso. Mas, elas podem! A chancela do feminismo lhes garante, porque é bonito ser feminista e feio ser machista. E fascista é todo mundo que não concorda. Super prático!
Homens e mulheres são diferentes, biologicamente diferentes. Não acho prudente lutar contra homens, eles são em média 30% mais fortes! Claro, só estou provocando as hienas... O lado bom é que homens também não são iguais entre si, dando-se o mesmo com as mulheres, o que nos faz concluir que temos muita diversidade... O esforço comum deve ser no sentido de reconhecê-las e respeitá-las. Aceitar ou gostar pode ser muito bem-vindo, mas é opcional. Aliás, Deus nos livre da falta de opção! Pobres cubanos!

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Sobre Todas as Coisas...

"Mas tudo acaba onde começou
É que tudo acaba onde começou."

O impulso da vida, o império da morte;
Se ao jovem a paisagem se faz bela e perfeita,
à beira  da cova a imagem é sempre perturbadora e estreita.
A morte avança, cobre o leito com a sua capa negra...
Pobre carne humana, sonho que pouco se demora!
Quem sabe qual sorte te alcançará; 
em que abismo cairá à revelia quando a nobre dama te enlaçar;
Caos, sossego, ou alguma inesperada redenção?
E quando a tua caixa fúnebre baixar qual esperança ou certeza,
senão a de que cumpriste a inevitável aliança, selada na tua gestação! 

(P. Ubert) 

sábado, 8 de outubro de 2016

Rede, o Jardim das Delícias Terrenas


Hoje cheguei em casa mais tarde do que de costume. Fui comer alface. Paguei noventa reais por um punhado de alface... Assim que cheguei, antes de “malhar” as calorias que eu nem havia consumido, o telefone tocou. Aquele sotaque paulistano bem característico, nada contra, aliás, até gosto muito...
Era uma mulher, uma jovem, oferecendo alguma coisa, sei lá... Um cartão, uma vantagem, um bom negócio qualquer! Como se bons negócios viessem com facilidade!  Ela sabia o meu nome, CPF e  horários. Tive a sensação de que sabia até que eu havia comido alface!
Depois, digitando meu nome no Google, verifiquei que há muitos registros do que pensei em algum momento por aí! Pela primeira vez, por mais idiota que possa parecer, me assustei! Não com a exposição em si, mas com o fato de não ter me dado conta de que trata-se de uma exposição, que é incrivelmente articulada...Estamos todos nus neste imenso jardim das delícias, apelidado rede.
Achei que fosse um nu ingênuo, divertido e seguro. Mas, a “brincadeira” em algum momento reverte-se contra! Um grande pecado virtual (1ª parte do tríptico de Bosch, o paraíso...). Todo mundo pode ter acesso à vida alheia, basta querer!  Estamos nos despindo... E despindo os outros! Que orgia! (2ª parte do tríptico. Confere lá...)
A quem serve tudo isto? De verdade! Estou com a estranha sensação de que tem algo mais que ainda não percebi! Exposição em massa... Irei colocar na pauta das minhas reflexões, além de Bosch. Quem sabe eu faça mais conexões? Estamos na “era da falta de privacidade”; como este fato pode ajudar a manutenção da Democracia ou, ao contrário, facilitar a consolidação de grupos ditatoriais?  
Certeza é que estou na rede! Fisgado! Cercado por um monte de alfaces! Poderia ser  facilmente mastigado, engolido, e mandado para o Inferno, caso alguém quisesse (O inferno é a 3ª parte do tríptico). 
Acabei percebendo três coisas: rede= dossiê; modismo natureba= pagar por fome; paulistana depois do expediente= desliga sem falar nada, porque é fria!  E todas estas coisas, por mais estranho que pareça, estão ligadas! Como no tríptico “O Jardim das Delícias Terrenas”, formando afinal uma pintura única...

 (O tríptico do pintor holandês Hieronymus Bosch, intitulado O Jardim das Delícias Terrenas, é sem dúvida a sua obra mais interessante e controversa) . 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Outubro: Eleições, Halloween e PT


     O mito de Jack O' Lantern, originou as abóboras iluminadas, típicas do Halloween. Segundo a lenda, Jack enganou o diabo por duas vezes. Astuto, parte do engodo redundou em uma negociação chantagista que incluía a proibição de que a sua alma fosse para o inferno.
Assim, o máximo que Jack recebeu como castigo foi o destino  de ficar vagando pelas noites escuras com um carvão em brasa, dentro de uma abóbora. A brasa representaria uma  parte do inferno que ele deveria levar consigo. O PT fez o diabo para se manter no poder... Corrompeu, Mentiu, distorceu, difamou. Um pacto com empreiteiros e políticos sórdidos para desviar milhões de reais, escondendo-se, sobretudo, na fome nordestina e nortista que garantiu os votos.
Desde a sua ascensão o partido viu na miséria e no preconceito um meio de legitimar o voto de cabresto. O PT continuou a pensar formas de colocar em prática a centralização absoluta do poder. Foram tão ardilosos quanto Lantern! Eles só não contavam com a LAVA JATO...
O resultado das eleições municipais de 2016, o efeito mais pungente da operação, revelou que em matéria de impunidade nem tudo está perdido. O PT caiu vertiginosamente, enquanto seus principais líderes vão sendo investigados e presos. Lula deverá ser condenado até o inicio de 2018, na melhor das hipóteses para ele. As redes sociais estão ativas; as pessoas parecem surdas aos discursos surrados desta esquerda histriônica... Estão cansadas dos políticos profissionais, incluindo também os coronéis cafonas e os oportunistas de outros partidos.
Tenho esperança de que o PT e todo o seu retrocesso sejam em breve condenados a vagar pelas noites escuras do nosso passado recente. O Brasil por certo vai se ressentir de todo o estrago, da estagnação na qual ficamos imersos. O partido ao contrário do que muitos sonharam não será recordado como o governo para pobres, progressista, mas como aquele que esteve à frente do maior esquema de corrupção da história deste país.
O PT acabou... E não se reinventam, não mudam o curso do rio, porque ele foi completamente poluído.  Do partido restará apenas a brasa vermelha da vergonha, parte do inferno carregada por aqueles que sinceramente acreditaram na ideologia. Particularmente, me lembrarei sempre com arrepios. E aí Lula? “trick or treat”?