domingo, 30 de outubro de 2016

"Fé demais não cheira bem"

Costumava comentar na coluna de um liberal radical. Não gosto de radicais, mas, como sou radicalmente antipetista, ele era o meu mal menor. O mundo é radical! Viver é radical! Deus, caso exista, deve ser radical... Em um dos seus posts ele disse que estamos sempre às voltas com extremos. Comparou nossos valores com um pêndulo, reportando-nos ao velho e sábio chavão de que o equilíbrio só pode estar no meio. Eu completaria o raciocínio dizendo que um extremo leva a outro.
 Para cada ação uma reação proporcional, explica a lei da física. Machistas, por exemplo, geram feministas que geram mais machistas, dando movimento ao pêndulo. Somos equivalentes a este previsível balanço. Condenados a um “vai e vem” sem fim.  Nossos discursos extremados o eterno “tic tac” que ecoará até que a morte nos traga alguma surdez ou novidade.
Ele foi bem até escrever: “Estado e Igreja eram praticamente uma só coisa. A religião oficial mandava e desmandava, o “herege” não tinha uma vida nada fácil. No limite, tivemos até a Inquisição e um índice de livros proibidos. Nada mais legítimo do que o iluminismo, as bandeiras racionalistas e laicas de pensadores como Voltaire e Hume. Por que os agnósticos, ateus e crentes de outras seitas não podem conviver em paz? Agora vamos comparar isso com o ateísmo militante moderno, que parece confundir estado laico com antirreligioso, saindo da posição de perseguido para perseguidor, extremamente intolerante para com tudo que remeta ao cristianismo, ignorando inclusive que ele é parte inseparável de nossas tradições e cultura. O pêndulo não exagerou aqui também?”.
Balela! No Brasil não há ateus! Que dirá militantes ateus perseguidores! Por aqui chamamos de ateu o sujeito que simplesmente manifesta uma e outra dúvida quanto as  verdades absolutas impostas pelos ditos representantes de Deus. Basta insinuar alguma crítica às sagradas escrituras para ser rotulado de ateu. Aliás, os nossos “ateus” sofrem mais preconceito que gays e negros.
Os teístas se sentem pessoalmente ofendidos quando alguém questiona os seus dogmas, a sua moral religiosa. Manifestar-se contra as ingerências das religiões na intimidade dos indivíduos faz daquele que se manifesta um doutrinador cético. No entanto, quem faz discursos e sermões usando a perspectiva do inferno eterno como método de persuasão é o crente. Isto sim é doutrinar! Doutrina e chantagem...
 Deveríamos substituir a ideia de moral cristã pela ética cidadã. Ateus no Brasil seriam bem vindos, eles poderiam representar o equilíbrio do pêndulo. Um pouco menos de religião nos faria bem. Existem guerras e farsas demais em nome do pai...
Não ligo para teístas, desde que não instituam a crença cega e o dizimo obrigatório. Particularmente, só quero o meu direito à dúvida.           

sábado, 22 de outubro de 2016

Feminismo? Tô fora!

         O conceito de feminismo foi atualizado. Hoje significa: “Um conjunto de ações que tem como objetivo direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero.
Sabemos que o feminismo surgiu para se opor ao machismo. Ele já contou com discursos inflamados, exigindo, inclusive, o direito de urinar em pé. Sutiãs em chamas, tempo quente aquele... Foi um movimento importante, sobretudo na década de 60 e 70, mas,hoje, seria muito mais interessante para quem pretende desmistificar os gêneros falar em direitos e garantias da espécie humana. Quando as feministas afirmam que lutam pelo direito das mulheres, dos gays, dos trans, já estão classificando, rotulando as pessoas, o que é à base da hierarquia, da divisão, nas sociedades. A maioria delas faz declarações cheias de misandria para criticar a misoginia, sobretudo as feministas de esquerda. Há uma tendência da esquerda em tratar coisas iguais como se fossem opostas.
 Esta é a grande falácia das feministas: ridicularizar e demonizar o machismo através do feminismo. Elas substituem os padrões machistas pelos seus, impondo regras igualmente rígidas de comportamento a todas as mulheres.
Você, mulher, é obrigada a ter orgulho de sua condição, que para o feminismo doente equivale a fazer tudo o que os homens fazem. Surge aí a confusão entre direitos iguais e igualdade de gêneros. Primeiro: as mulheres querem fazer o que os homens fazem?  Segundo: os homens querem fazer o que fazem? A coisa é bem aguda...Minha vocação liberal e poética me impele a crer que o principio da liberdade é fazer o que temos vontade de fazer, resguardado o direito do outro. Haveria coerência entre os nossos sentimentos e atitudes, o que equivaleria a menos hipocrisia.
Quando uma feminista ordena: VOTE EM MULHERES! Ela está demonstrando todo o sexismo que teoricamente combate. Para votar a última coisa que importa é o sexo do candidato. Basta imaginar um homem fazendo o mesmo discurso. Mas, elas podem! A chancela do feminismo lhes garante, porque é bonito ser feminista e feio ser machista. E fascista é todo mundo que não concorda. Super prático!
Homens e mulheres são diferentes, biologicamente diferentes. Não acho prudente lutar contra homens, eles são em média 30% mais fortes! Claro, só estou provocando as hienas... O lado bom é que homens também não são iguais entre si, dando-se o mesmo com as mulheres, o que nos faz concluir que temos muita diversidade... O esforço comum deve ser no sentido de reconhecê-las e respeitá-las. Aceitar ou gostar pode ser muito bem-vindo, mas é opcional. Aliás, Deus nos livre da falta de opção! Pobres cubanos!

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Sobre Todas as Coisas...

"Mas tudo acaba onde começou
É que tudo acaba onde começou."

O impulso da vida, o império da morte;
Se ao jovem a paisagem se faz bela e perfeita,
à beira  da cova a imagem é sempre perturbadora e estreita.
A morte avança, cobre o leito com a sua capa negra...
Pobre carne humana, sonho que pouco se demora!
Quem sabe qual sorte te alcançará; 
em que abismo cairá à revelia quando a nobre dama te enlaçar;
Caos, sossego, ou alguma inesperada redenção?
E quando a tua caixa fúnebre baixar qual esperança ou certeza,
senão a de que cumpriste a inevitável aliança, selada na tua gestação! 

(P. Ubert) 

sábado, 8 de outubro de 2016

Rede, o Jardim das Delícias Terrenas


Hoje cheguei em casa mais tarde do que de costume. Fui comer alface. Paguei noventa reais por um punhado de alface... Assim que cheguei, antes de “malhar” as calorias que eu nem havia consumido, o telefone tocou. Aquele sotaque paulistano bem característico, nada contra, aliás, até gosto muito...
Era uma mulher, uma jovem, oferecendo alguma coisa, sei lá... Um cartão, uma vantagem, um bom negócio qualquer! Como se bons negócios viessem com facilidade!  Ela sabia o meu nome, CPF e  horários. Tive a sensação de que sabia até que eu havia comido alface!
Depois, digitando meu nome no Google, verifiquei que há muitos registros do que pensei em algum momento por aí! Pela primeira vez, por mais idiota que possa parecer, me assustei! Não com a exposição em si, mas com o fato de não ter me dado conta de que trata-se de uma exposição, que é incrivelmente articulada...Estamos todos nus neste imenso jardim das delícias, apelidado rede.
Achei que fosse um nu ingênuo, divertido e seguro. Mas, a “brincadeira” em algum momento reverte-se contra! Um grande pecado virtual (1ª parte do tríptico de Bosch, o paraíso...). Todo mundo pode ter acesso à vida alheia, basta querer!  Estamos nos despindo... E despindo os outros! Que orgia! (2ª parte do tríptico. Confere lá...)
A quem serve tudo isto? De verdade! Estou com a estranha sensação de que tem algo mais que ainda não percebi! Exposição em massa... Irei colocar na pauta das minhas reflexões, além de Bosch. Quem sabe eu faça mais conexões? Estamos na “era da falta de privacidade”; como este fato pode ajudar a manutenção da Democracia ou, ao contrário, facilitar a consolidação de grupos ditatoriais?  
Certeza é que estou na rede! Fisgado! Cercado por um monte de alfaces! Poderia ser  facilmente mastigado, engolido, e mandado para o Inferno, caso alguém quisesse (O inferno é a 3ª parte do tríptico). 
Acabei percebendo três coisas: rede= dossiê; modismo natureba= pagar por fome; paulistana depois do expediente= desliga sem falar nada, porque é fria!  E todas estas coisas, por mais estranho que pareça, estão ligadas! Como no tríptico “O Jardim das Delícias Terrenas”, formando afinal uma pintura única...

 (O tríptico do pintor holandês Hieronymus Bosch, intitulado O Jardim das Delícias Terrenas, é sem dúvida a sua obra mais interessante e controversa) . 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Outubro: Eleições, Halloween e PT


     O mito de Jack O' Lantern, originou as abóboras iluminadas, típicas do Halloween. Segundo a lenda, Jack enganou o diabo por duas vezes. Astuto, parte do engodo redundou em uma negociação chantagista que incluía a proibição de que a sua alma fosse para o inferno.
Assim, o máximo que Jack recebeu como castigo foi o destino  de ficar vagando pelas noites escuras com um carvão em brasa, dentro de uma abóbora. A brasa representaria uma  parte do inferno que ele deveria levar consigo. O PT fez o diabo para se manter no poder... Corrompeu, Mentiu, distorceu, difamou. Um pacto com empreiteiros e políticos sórdidos para desviar milhões de reais, escondendo-se, sobretudo, na fome nordestina e nortista que garantiu os votos.
Desde a sua ascensão o partido viu na miséria e no preconceito um meio de legitimar o voto de cabresto. O PT continuou a pensar formas de colocar em prática a centralização absoluta do poder. Foram tão ardilosos quanto Lantern! Eles só não contavam com a LAVA JATO...
O resultado das eleições municipais de 2016, o efeito mais pungente da operação, revelou que em matéria de impunidade nem tudo está perdido. O PT caiu vertiginosamente, enquanto seus principais líderes vão sendo investigados e presos. Lula deverá ser condenado até o inicio de 2018, na melhor das hipóteses para ele. As redes sociais estão ativas; as pessoas parecem surdas aos discursos surrados desta esquerda histriônica... Estão cansadas dos políticos profissionais, incluindo também os coronéis cafonas e os oportunistas de outros partidos.
Tenho esperança de que o PT e todo o seu retrocesso sejam em breve condenados a vagar pelas noites escuras do nosso passado recente. O Brasil por certo vai se ressentir de todo o estrago, da estagnação na qual ficamos imersos. O partido ao contrário do que muitos sonharam não será recordado como o governo para pobres, progressista, mas como aquele que esteve à frente do maior esquema de corrupção da história deste país.
O PT acabou... E não se reinventam, não mudam o curso do rio, porque ele foi completamente poluído.  Do partido restará apenas a brasa vermelha da vergonha, parte do inferno carregada por aqueles que sinceramente acreditaram na ideologia. Particularmente, me lembrarei sempre com arrepios. E aí Lula? “trick or treat”?

terça-feira, 27 de setembro de 2016

No Deslize, a Relatividade é o Princípio.


     O principio da relatividade se sustenta no fato de que referenciais distintos oferecem perspectivas conciliáveis, ou seja, plausíveis, de um mesmo efeito ou evento. Em resumo: tudo depende do referencial.  Na perspectiva do observador Álvaro Dias a bravata do ministro Alexandre de Moraes que usou as investigações da LAVA JATO para fazer politicagem foi apenas um “deslize”.
  A esquerda não perdeu tempo! Aproveitou o discurso do citado ministro para mais uma vez questionar a imparcialidade das investigações. Sempre tentando se passar por vitimas desse esquema investigativo, cujo objetivo seria o fim do PT. Que dó!  
  O comentário de Alexandre de Moraes foi muito mais que um deslize. Ele deu munição para a esquerda sustentar o discurso de golpe. Esse pessoal está se afogando, eles vão se agarrar a qualquer coisa para salvar suas peles. Uma bravata dessas pode custar muito aqueles que estão empenhados em desmascarar o esquema de corrupção petista e CIA LTDA.
Não creio que o ministro tenha sido informado dos detalhes da prisão. Parece-me que ele apenas sugeriu o óbvio, aliás, o próprio detido já suspeitava que pudesse ser preso. Depois que algumas peças do quebra-cabeça são encaixadas fica mais fácil deduzir o resto da paisagem. Foi o que aconteceu com o ministro boquirroto.
 A gravidade consiste no fato de que vários grupos, cada qual com seus respectivos interesses, estão usando a operação LAVA JATO para manipular a opinião pública. O PT, em especial, não tem outra saída senão desmoralizar todo o trabalho do MPF. Mesmo para um cara de pau como Lula vai ser difícil pedir votos, caso seja condenado pelo desvio de milhões de reais dos cofres públicos...
Mas, afinal, a quem servirá esta intrincada investigação? Na pergunta, toda a relatividade da LAVA JATO. Na resposta, provavelmente o que o Brasil se tornará depois dela. Espero que ela sirva aos que tem como referencial alguma filosofia ética, no sentido mais absoluto da palavra.  

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Só Alguns Dias...

Preciso dar uma arejada, sigo hoje para São Paulo. Acho que sou a única pessoa nesse país que busca sossego em São Paulo. A cidade é a minha fazenda Tara, onde me sinto em casa. Depois, aqui está muito quente e seco, ar pesado... Deve ser os ventos que sopram do Congresso. Só espero não me encontrar com alguma trupe petista. Vão manifestar na praia!  

Vou rabiscando reflexões... 

Há em cada parte sua,
Em cada rua,
O tudo e o nada.
Nas calçadas os passos se apressam;
Nas filas as horas se apertam;
E os olhos entrelaçam
As pastas, os maços e os gestos.
Da janela do meu quarto
Observo a sua face;
Subitamente, me sinto à vontade...
Absorvida por tantas outras faces,
Respiro a paz da invisibilidade!
Mas há também os seus zumbis
Que vagam descartados;
Cercados por sobras e ratos,
Sombras em meio ao frenesi.
Embaixo o metrô,
Que passa rápido!
A mulher nua, o prazer,
Que passam rápido!
E tanta gente solitária...
Olho da janela;
Você que não é minha;
Que é de todos;
Que não é de ninguém;  
Que testa o verso;
Que expressa o caos;
Que expõem o avesso;
Além, muito além,
Do cadáver molhado;
Do vistoso casaco;
Do leitor concentrado;
Do rosa, do choque;
Do transviado!
O mundo inteiro é aqui.
No quadro da janela,
Eu, um delírio real
De carne e vontade,
Igual a outro,
Que passa rápido!

(Patrícia Ubert)

Ratos e Homens

Renan Calheiros disse que o Ministério Público Federal agiu com “exibicionismo” ao denunciar Lula; disse que é preciso separar o joio do trigo; que se o MPF não mudar o Congresso vai tomar as medidas necessárias ao cumprimento das garantias individuais. 
Renan é acusado de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ele também articulou a manobra que safou Dilma parcialmente. Naquela ocasião ergueu a Constituição que ele feria, ao sugerir o fatiamento das penas decorrentes do impeachment, dizendo que os senadores poderiam cassar o mandato, mas que retirar a elegibilidade da Presidente seria maldade. Que nobre!
A verdade é que o senador não está preocupado com justiça ou bondade, tampouco com as garantias individuais, salvo as suas próprias. A ordem petista encampada por todos os comparsas que estão atolados até o pescoço na lama das roubalheiras é desmoralizar os investigadores, e, por conseguinte, levantar dúvidas quanto à lisura das investigações.
Querem confundir, assumindo o papel de vitima. Eles estão desesperados e gente desse nível quando se desespera é capaz de tudo. Suspeito que crimes mais graves venham à tona caso o PT e bando não obtenham êxito em parar a atuação da LAVA JATO. O que esse pessoal pretende é garantir a impunidade e a continuidade dos delitos... Se eles conseguirem, teremos que abrir as portas de todos os presídios e colocar na fogueira todos os nossos códigos, o verdadeiro show pirotécnico!
Renan coloca em xeque os brasileiros que anseiam por um país onde haja um mínimo de respeito às leis. Aderir ao seu discurso intimidatório implica em absolver indiretamente o sujeito que nos rouba na rua, porque mesmo que não façamos a associação de pronto, tudo está intimamente ligado. Anistiar um, implica em anistiar o outro. Ele falou em separar o joio do trigo. Considerando os investigadores e os investigados na LAVA JATO, prefiro pensar que teremos a oportunidade de separar ratos de homens.    

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

E Agora, Lula?


"A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou"

(E agora, José- Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Esquerda e Direita Fascistas: Descarte!

O PT e aliados apregoaram a resolução de problemas difíceis com métodos fáceis, desafiando Descartes. Os seus governos foram marcados por ações paliativas, adornadas por muito brocal. As pregações ideológicas da esquerda tem tudo a ver com o fascismo.
Líder do partido nacional fascista, Mussolini, ditador-mor aliado de Hitler na Segunda Grande Guerra, foi um professor modesto de escola primária que através do partido único, imposto por violência, e do culto a personalidade tornou-se o “Duce”. Embora o fascismo seja imediatamente associado à extrema direita, qualquer um que conheça um mínimo de História percebe que se trata de uma ideologia que atende muito bem aos propósitos da esquerda.
 Mussolini destacava a importância do estado, entendendo que as garantias individuais só prevaleciam se fossem coincidentes com os interesses coletivos, lembrando que ele, o líder, definia tais interesses.
Vemos o mesmo agigantamento do poder estatal na União Soviética de Stalin. Aliás, foi essa ideologia que nossos heroicos revolucionários de esquerda tentaram implantar por aqui. Suspeito que se tivessem obtido êxito teriam causado um estrago muito maior que o provocado pelo golpe militar. Os fascistas de esquerda dirão que o meu palpite deve ser traduzido como aprovação da ditadura a qual nos submetemos, previsíveis!   
Outra especialidade desse pessoal é a distorção dos fatos para que atendam aos seus propósitos. Esta é a única razão para enxergarem heroísmo na biografia de Prestes. Acredito que todos os extremos sejam perigosos, seja de esquerda ou direita. Por esta razão não me rendo a tentação de diferenciar coisas essencialmente idênticas.
 A esquerda simpática ao fascismo que instalou-se em boa parte da América Latina, executa uma politica populista, visivelmente rasteira.  A maioria dos políticos, salvo um e outro, criticam os princípios do neoliberalismo. Os petistas, em especial, fazem discursos apaixonados demonizando este sistema econômico. A verdade é que o Brasil nunca foi neoliberal, ao menos não na sua plenitude. Deveríamos experimentar...Já que nada deu certo até aqui... Por hora, seguimos com a velha roupa colorida e os discursos mofados. Se ao menos fossem só os petistas! 
Mussolini foi executado e dependurado de cabeça para baixo em praça pública,  Espetáculo horrendo! A mim bastaria que os seus equivalentes tupiniquins devolvessem o dinheiro público que desviam para as contas de seus comparsas e familiares, sempre em nome do social. O maior álibi dessa corja é a pobreza.
 Seria uma solução simples para um problema complexo, com todo o respeito a Descartes ...

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

PMDB e Erínias...

A nossa “presidenta” caiu hoje, dia 31 de agosto de 2016. Durante todo o processo de impeachment ela se repetiu. Aloprada do começo ao fim, insistiu nos universos paralelos. Continuou atribuindo a culpa de sua péssima gestão a uma suposta crise externa. Afirmou que o seu impedimento seria fruto do espírito vingativo do ex-aliado Eduardo Cunha; desconversou os crimes de responsabilidade que cometeu e posou de vítima.
Dilma não hesitou em usar o seu passado, forçando uma comparação dos contextos. Romantizou a sua condição de ex-presa política tal qual fazem os charlatões que se valem das tragédias para levar alguma vantagem... A mulher que faz questão de ser chamada de presidenta, estranhamente, agradecia com um “obrigado!” em vez de “obrigada!” sempre que recebia elogios dos companheiros de partido.
Dilma nunca foi tão Dilma! O que por certo só reforçou as convicções de todos os brasileiros que desejavam a sua saída. Sim, ela caiu! A perda do mandato acarretaria também a perda dos direitos políticos, tal qual sucedeu com Collor em 1992, mas não foi o que ocorreu.
 Na última hora alguns peemedebistas articularam com os petistas e optaram por manter os seus direitos políticos intactos. Pode parecer que decidiram pela condenação parcial por estarem inseguros sobre a responsabilidade da presidente ou receosos com a reação  vermelha. No entanto, a minha leitura é de que preferiram não fechar as portas aos petistas, afinal, foram parceiros em muitas empreitadas e empreiteiros. Vai que Lula volta! 
Os peemedebistas tem essa característica: nem sempre sentados no trono, mas sempre aliados dos que se encontram nele. Ainda que isto implique na total falta de ética e covardia.  Eles têm exceções! Simone Tebet é a mais bonita delas.
Após o resultado, Dilma cantou a pedra: “vamos à guerra!”. Ela não parece estar com muito medo de fechar portas.  
Hoje, para mim, o PT deixou de ser o que tínhamos de pior na política. Não há nada mais rasteiro que essa barganha explicita. Após esse arranjo vergonhoso endossado pelo Poder Judiciário, absolvo a nossa esquerda bananosa. Espero que ela atormente Temer como as implacáveis erínias fizeram com Orestes. Golpistas! 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Esquerda e Emulsão de Scott

Quando eu era criança minha mãe, movida pela melhor das intenções, comprou para mim e minhas irmãs um suplemento alimentar com o objetivo de ajudar no nosso desenvolvimento físico e mental. Tratava-se da coisa de sabor mais horrível que um pobre ser de cinco, seis anos, pudesse ser condenado a aturar.
No primeiro dia fizemos uma “filinha”. Ela destampou a garrafa marrom que tinha o desenho de um homem com um peixe enorme amarrado nas costas. “Emulsão de Scott! Ótimo para a saúde!” A minha irmã mais velha sempre foi muito ajuizada, logo tomou. Fez uma “carinha ruim”, mas resignou-se. A mais nova, antecipou-se a mim, com a total inocência do que a esperava. Tomou! Fez uma série de caretas e pediu um doce para tapear o gosto. Na minha vez já havia captado todos os sinais de que a coisa era medonha!
 Falei que não queria, mas minha mãe argumentou que não era ruim; que eu cresceria forte e inteligente. Ela chegou a colher perto da minha boca e disse autoritária: “Abre a boca e toma!” Comecei a chorar. Aproveitando-se do momento, em um golpe baixo, enfiou o líquido na minha boca. Cuspi o que pude, mas parte do gosto que lembrava peixe morto dias, permaneceu até hoje na minha memória. Nunca mais comi peixe!
Dali para frente eu sempre corria da “filinha”, forçando-a a correr atrás de mim com a garrafa e a colher na mão, dizendo que eu não iria crescer e jamais seria inteligente. Cresci com boa saúde e um intelecto dentro da média. Mas devo admitir que aquele homem e seu peixe morto, eternamente amarrado nas costas, deslancharam a minha constante distorção dos conceitos.
Sempre que alguém, mesmo quando bem intencionado, me diz que algo é bom; que me trará saúde, prosperidade e felicidade, convenço-me de que estou diante de um péssimo negócio. Tenho muito menos precaução com as chamadas porcarias, as coisas que a maioria diz que são ruins. Por esta razão nunca fui comunista, mesmo sendo de uma geração em que ser comunista significava ser inteligente e saudável, no mínimo CULT.
Fui um dos poucos alunos que os professores, em especial os de História, não conseguiram arrebanhar para a “filinha” comunista. Assim que disseram que o Estado agigantado/paternalista era bom e o enxuto/competitivo era ruim, cismei... Quando disseram que Cuba era um paraíso e os USA um inferno, saí correndo deles, sem olhar para trás.
 Não sei se existe alguma relação entre o consumo de Emulsão de Scott e a manutenção das ideias neoliberais. Se houver, é possível que a nossa esquerda bananosa confisque todas as garrafas. Para mim é tarde! O estrago já foi feito. Desconfio de todo mundo que diz que vai cuidar dos meus interesses; que corrompe tudo em nome da coletividade. 
Aliás, depois da nossa experiência com o PT, recomendo que desconfiemos inclusive das mães bem intencionadas.

(Emulsão de Scott com a fórmula que aterrorizou milhares de crianças foi lançada nos EUA em 1876. Embora o óleo de fígado de bacalhau seja utilizado desde o séc. XVIII. Vendido em mais de 160 países, ele é a prova absoluta de que o objetivo do capitalismo é vender o peixe. Muita propaganda, o que leva a mitificação, ao exagero. No entanto, a maioria das mães adotaram os métodos bolcheviques para garantir que os filhos consumissem o tal remédio) 

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sobre o Desprezo pelo Inquestionável...


Se fosse escritora escreveria muitos diálogos, acho divertido...Segue uma das minhas diversões capengas. 

Abre-se o céu; ouvem-se trombetas;
Que tragam o réu...
- Que fez criatura maldita?
- Vi a face oculta daquele que me julga.
- E como se entregou a tal desdita?
- Visão...
- Ó cínico! Por que não lhe bastaram os instintos?
- E o juiz sabe o porquê da criação?
- Muita solidão no nada do infinito...
- Que ironia eu ser parte da vossa salvação!
- Mas, errei! Pois aqui julgo um proscrito.
- Fizestes do perfeito a imperfeição?
(Silêncio no Tribunal...)
- Antes nunca tivesse me arrancado o véu.
- Tropecei; agarrei-o para não cair do céu. Foi quando vi
Que era escravo e vós ilimitado.
- Viu pela primeira vez o imutável...
- Vi tudo, menos liberdade.
- A luz não alcança o insondável...
- Mas arde!
- Por sua demência será condenado!
- E a qual castigo julgador amado?
- A consciência da infelicidade...
- Por toda a eternidade?
- Até que a ciência o refaça.
(As asas do réu são quebradas e ele atirado a terra).
(P. Ubert)

domingo, 7 de agosto de 2016

Fé e Fortuna...

Com muito desgosto assisto as extorsões, trapaças e crueldades feitas em nome de Jesus. Muitos “líderes religiosos” abusam da boa fé de milhares de brasileiros, acumulando fortunas.  As sacolinhas correm em troca da promessa de alguma graça. A bondade de Jesus é diretamente proporcional ao dinheiro que o fiel deposita.
 Outra constatação lamentável: cada vez mais, crianças têm sofrido abusos de toda ordem, após serem “diagnosticadas” como endemoniadas. A intolerância é disseminada, separando amigos, casais e familiares.
A fé barganhada está saindo muito caro para o Brasil, em todos os sentidos da palavra. Até Jesus por aqui é superfaturado. Que o verdadeiro bem nos proteja de experimentarmos uma Idade das Trevas, onde se costuma trocar a chama da ciência pela da fogueira.

domingo, 31 de julho de 2016

Agosto: PT e Cachorro Doido


Lula é o expoente máximo da esquerda brasileira. Em seu governo se firmou um sofisticado sistema de propina distribuído para membros do partido e aliados. Institucionalizou-se e internacionalizou-se a corrupção, já que o esquema incluiu, entre outros ditadores, Chávez e os irmãos Castro.
 O plano era voltar em 2018. Dilma, sua quase fiel subordinada, deveria devolver-lhe o governo. O que Lula não previu foi o excesso de trapalhadas. Ela revelou-se incompetente, impopular e aloprada. Sem habilidade politica ou carisma, não foi capaz de manter embaixo do tapete os crimes que perpetrou contra as finanças públicas e a economia. Tampouco, conseguiu impedir as investigações da Lava-Jato que alcançaram o chefe.
 Dilma deverá ser lembrada como o fracasso que nos salvou. Neste sentido, será mesmo uma heroína nacional... Lula, no seu íntimo, odeia Dilma. O líder petista entrou na roda das investigações. Ele está acuado, de olhos vidrados, e espumando de raiva. Por isto decidiram rosnar para a Justiça, em especial, para o Juiz Sérgio Moro.
 Optaram pela tática manjada da esquerda: a vitimização. Moro é o vilão; Lula é a vitima. A esquerda brasileira é especialista nesta inversão de valores que tenta jogar com os arcaicos papéis de oprimido/proletário e opressor/burguesia. Por isto os intelectuais fakes de esquerda afirmam em seus livros, canções e poemas que você é o maior responsável pela violência.
  Você criou o bandido que aponta a arma para a sua cabeça. Você que trabalha e paga impostos; que viaja uma vez por ano de férias com a família... Você, pequeno burguês, tem o ônus do pecado original social moldado pela esquerda para impor-lhe culpa e submissão. Sim! O coitadinho que te rouba só está pegando de volta o que sempre foi dele. As bandeiras sociais são para muitos um Green Card, uma espécie de salvo- conduto. Este é o raciocínio de Lula; é com essa culpa social que ele conta para safar-se das acusações. Ele tenta se passar pelo herói que pretende vencer o mal.
O mal de Lula é tudo que possa aclarar as suas manobras duvidosas, inclusive, para retornar ao poder em 2018. São os agentes e servidores públicos que graças a um trabalho extremamente articulado e bem feito estão desvendando todos os crimes dos mocinhos, vermelhos ou não; são todos que pretendem resgatar alguma ordem neste país tão sucateado pelos calhordas que usam o poder para se locupletarem.
 Moro, representa este mal, o mal de Lula. Espero que o mal consiga desnudar a loucura; os caninos afiados; a intenção sórdida que usa a capa do bem. Sem este mal, nos espreita a dentada e a loucura. Porque insanidade, minha gente, se transmite pelo convencimento. Com a entrada do mês do cachorro louco, fiquemos atentos. Para o nosso mal a fera está solta...

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Sobre a Verdade: "Quid est veritas?"


A verdade do outro é o nosso ponto cego...

       Creio que a única verdade que me cabe e alcança é a minha; sou do tamanho dela. Não adianta ler, ver, ou ouvir a verdade do outro. Só capto a verdade do outro na minha medida, proporcionalmente a ela. Tudo que não faz parte da minha verdade é mentira. Tudo se constitui a partir do meu egoismo cego.
       Um dos diálogos mais intrigantes que já li é o supostamente ocorrido entre Jesus e Pilatos. Jesus diz: “Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Pilatos, retruca: “Que é a verdade?” Ele não obtém resposta. Ou Jesus silenciou-se porque não sabia, ou, porque sabia, silenciou-se.
    Todas as opções me levam a crer que a verdade não existe, ao menos não a partir do outro. Se Jesus conceituasse a verdade só poderia fazê-lo a partir de si mesmo, logo, inalcançável a Pilatos. Existe também a possibilidade do silêncio ter servido de metáfora; o objetivo foi deixar subentendido que para coisas muito complexas as palavras são insuficientes-.
     É mais provável que Jesus tenha se calado por prudência que por ignorância. Fez bem... Pilatos, melhor ainda. Se a verdade existe para além de nós mesmos o único modo de conhecê-la é questionando.

sábado, 23 de julho de 2016

CONCEITOS E FARSA CULT

O termo intelectual é empregado àqueles que se dedicam as indagações da mente, ou, se preferirem, do espírito humano. A ideia sugere uma contraposição às sensações, inerentes a todos os animais. Até onde sabemos só a espécie humana é capaz de criar e repassar conceitos. Conceitos são sempre perigosos, sobretudo, o conceito de intelecto, já que é o próprio intelecto que conceitua.
O verdadeiro intelectual se ocupa das questões universais, ou seja, menos suscetíveis às convenções do poder transitório- Os seus pensamentos e obras são eternamente modernos. Esta é a razão da humanidade ser carente de intelectuais.
         O que temos de sobra são os peritos em repetição do pensamento alheio. O sujeito repassa o que lê, grosseiramente, ou com algum adorno; além dos peritos em manipulação dos conceitos. Estes, mais nocivos, copiam os pensamentos alheios e ainda os distorcem para que se ajustem as suas necessidades absolutamente temporais. Alguns chamam este pessoal de intelectualóides, não gosto; me reporta a palavra debiloide. Isto em hipótese alguma corresponde à verdade, pois os falsos intelectuais são muito astutos.
No Brasil, eles proliferam... Talvez porque costumam ser simpáticos à esquerda. São CULT. Esse povo reina no meio acadêmico. Geralmente penduram os seus mestrados e doutorados como os militares ostentam as suas medalhas. São especialistas! Intelectuais! Os conceitos lhes pertencem e o título de intelectual os exonera de maiores explicações. Escrevem livros chamando os seus opositores de fascistas, embora cultuem ditadores.
Os nossos intelectuais fakes muito bem pagos para defenderem o populismo de esquerda, encabeçado pelo PT, nos empurra à condição de Venezuela “king size", articulando os conceitos de modo que os favoreça e legitime. Estes “especialistas” escrevem para quem trabalham. São empregados, no sentido mais pejorativo da palavra.
Por esta razão há tantos textos confusos, forçados, manipulados, insistindo na retórica de que a saída de Dilma trata-se de um golpe. Alguns, mais ridículos, dizem que o golpe se deu porque ela é mulher... Misandria total! Estes honoríficos pensadores só tratam do que se relaciona à defesa de suas próprias vantagens.
Eles têm o direito! Respeito a Liberdade de Expressão... Só não me peçam para considerá-los intelectuais ou chamar de obras o amontoado de asneiras que escrevem.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sobre a Felicidade e o Repuxo

         Quero desabafar. Preciso com alguma urgência escrever o quanto pessoas felizes me dão nos nervos, em especial, quando estou com TPM. Porém, antes de continuar faço duas ponderações: só estou escrevendo porque não achei nenhum texto da Fernanda Young para postar- pessoa por quem tenho muita simpatia. Ela certamente deve ter algo de muita qualidade sobre o tema. Também preciso deixar claro que não me refiro aos que estão felizes em algum momento do dia ou da vida, mas, aqueles 100% felizes em 100% da vida.
Se o feliz em questão tiver voz mansa, piora. Ou seja, felicidade acompanhada de mansuetude agrava mais... Se for feliz, tiver voz mansa e me chamar de querida, meus nervos começam a se contrair, um repuxo só... Se tiver todas essas virtudes e ainda me mandar por nas mãos de Deus no final da conversa, fico à beira do infarto. Como geralmente o infarto não se consuma tendo ao sarcasmo, que normalmente o feliz não entende, ou entende e releva- outra coisa irritante é gente que perdoa tudo.
Pode parecer que eu seja uma pessoa mal-humorada, não sou. Em regra sou divertida. É que acima do humor aprecio a sinceridade, coisa inconciliável com um semblante eternamente feliz. Alguém poderia me perguntar: mas, por que a felicidade do outro te incomoda tanto, ainda que seja “fake”? Pois é... Não incomoda! O que incomoda é o desejo que os 100% felizes tem de contaminar todos a sua volta com a suposta felicidade que carregam.
           O sujeito percebe que você não está para firulas e fica te cutucando com vara curta: “O que você tem? Ânimo!”; “Por que tá tão calada?”; “Vamos sorrir! Você tem um sorriso tão bonito!”. Diante desse bombardeio costumo fazer um esforço sobre-humano para entortar o canto da boca, de modo que pareça um sorriso, para ver se o feliz me deixa em paz. O problema é que os felizes não se contentam com pouco; eles querem no mínimo dos dentes incisivos centrais aos caninos.
        Não tenho nada contra a felicidade, mas admito a infelicidade e o mau humor como estados que fazem parte da minha natureza. Aliás, não tenho nada contra nada desde que haja espaço para tudo . Talvez por esta razão seja avessa ao que as religiões ensinam. A ideia de um soberano imutável me causa receio. Uma das minhas passagens favoritas da Bíblia é quando Jesus deixa de lado os bons modos e parte para cima dos cambistas do templo, virando mesas e distribuindo chicotadas.
Em um mundo praticamente obrigado à felicidade só espero ter garantido o meu espaço para destoar de vez em quando dos sempre sorridentes, animados e elegantes. Como bem disse Fernanda Young aos passarinhos que rondavam a janela do seu quarto: “Vão cantar lá em Fernando de Noronha!”.

sábado, 16 de julho de 2016

GloboNews, Salvação e Respeito

"Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

(Não Basta Abrir a Janela- Alberto Caeiro) 
Conheci Amsterdam em 1999, há exatos dezessete anos. A cidade tem uma inexplicável aura de liberdade que me contaminou.  Naquela ocasião, conversando com uma holandesa sobre “tabus”, constatei sua surpresa quando lhe contei sobre o excessivo machismo da sociedade brasileira e o enorme grau de intolerância com homossexuais, bissexuais, travestis e transgêneros. Ela achou difícil acreditar considerando o nosso carnaval. Adorei o raciocínio da moça! Afinal, só mesmo uma sociedade hipócrita como a nossa para conciliar a severa moral cristã com putaria escrachada.
Quase duas décadas depois o Brasil passou a figurar entre os três países que mais matam por intolerância, ligada à condição de gênero e preferência sexual. Ou seja, estamos piorando... A pretexto de seguir os preceitos religiosos, tentamos sufocar a diversidade. Se a natureza nos quisesse iguais, teria nos projetado iguais.
O rebanho do Senhor cresce! Um rebanho arrogante que se julga dono da verdade; que pretende impor-se a qualquer custo. A máxima de que os fins justificam os meios, considerando o fim a salvação, pode fazer do Brasil o país mais homofóbico do mundo ocidental.
 Na contramão dessa imbecilidade, a GLOBONEWS tem apresentado excelentes documentários sobre a condição transexual. São relatos emocionantes de pessoas que têm o sofrimento agravado pelo preconceito. Além do desconforto de ter uma identidade de gênero oposta àquela definida por sua biologia, todos relatam os abusos, as injustiças, a violência física e moral do qual são vitimas por esta condição. Ou seja, o sujeito ao invés de ser amparado é execrado. Essa é a nossa bela moral cristã...
Parabéns ao canal! Enquanto houver espaço para as pessoas se manifestarem haverá resistência à ditadura do comportamento. Continuo contaminada pela liberdade...

(P. Ubert)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Destino, Livre-Arbítrio e Capitão América


“Haja ou não deuses, deles somos seus servos”
Fernando Pessoa

Ando cansada de ouvir noticiários. Desisti! Cansada da Lava-Jato; da palavra propina; dos argumentos no Senado; de moças dopadas. Não tenho mais cabeça para tanto fuzuê. Vou ler gibis... O Brasil dança tonto desde sempre: um passo à frente, dois atrás! Capengando, cai não cai...
A maioria das pessoas acredita em destino. Curioso que a maioria também creia em livre-arbítrio. Talvez tenhamos algum gene especifico ligado à crença. Isto justificaria a nossa tendência em crer, independente do objeto.
 A capacidade de crer é normalmente considerada virtude. O gene nos impeliria à crença, mas, a forma como nos relacionamos com ela vai além. O Brasil é um bom exemplo: quase a totalidade da população crê em Deus; tememos os castigos divinos. No entanto, esta virtude não nos impede de estar entre os dez países mais violentos do mundo.
Somos por formação, exploradores, imediatistas e ressentidos.  Brancos aventureiros, cujo principal objetivo era carregar tudo que estivesse ao alcance, misturaram-se com jovens índias, meninas, que se entregavam por um espelho. E, posteriormente, com negras escravas. A tão romantizada miscigenação brasileira...
Começo ruim, mas a questão é: poderemos mudar a nossa cultura de exploração, que vai de afanar parte de um troco a apropriar-se de bilhões? Do porteiro do condomínio ao Presidente da República todo mundo querendo levar vantagem! Se pessoas tem destino o mesmo deve se dar com países, planetas e sistemas. Será que a sina do Brasil é abrigar pessoas que sucumbem a  exploração desenfreada?  
Seriam os insondáveis passos do destino guiados por nossas escolhas, motivadas pelas circunstâncias e por nosso caráter, ou por fatalidades regidas por vontades metafísicas? Talvez as nossas escolhas definam as nossas fatalidades e mesmo os deuses se curvem a elas... Detesto contrariar Fernando Pessoa... 
Se quisermos mudar a nossa “sina”, precisaremos formar novos brasileiros, com uma nova mentalidade. Único modo de alterar as nossas escolhas.
Por hora, tento apenas trocar os telejornais por Marvel. Exerço o meu livre arbítrio com o Capitão América, só para provocar à esquerda.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Sobre Todas as Coisas...

        Uma pessoa escreveu sobre algo que escrevi: “foi a coisa mais escrota que já li, você é uma sem noção...” Adoro quando acertam sobre mim. Em geral, por ignorância ou gentileza sempre erram. 
       Essa pessoa tem razão. Palavras não servem pra nada, no máximo para marcar reuniões de trabalho. A maioria das coisas, em especial a ofensa, poderia ser demonstrada por grunhidos ou gestos. Escrever poemas então... É o cúmulo da inutilidade! 
      Andar pela praia, escalar uma montanha, abraçar quem se ama , é muito mais que todos os poemas do mundo. É a poesia materializada...

segue outra reflexão "escrota":      

Transformar sentimento em palavras. Inútil... Para que servem palavras, poesia, sentimentos, e todo o resto? Qualquer coisa que se faça é tão nobre quanto embebedar-se.Manter-se integro e sóbrio, ou louco, ou perverso. Que deus ébrio destila estas possibilidades?
O mundo é a dose que o tempo sorve; nós, um gole que a vida cospe indiferente.  E há quem se sinta importante...

Ando às tontas em cordas bambas, para combinar com o país!  

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Pintor...

Então...Posto um texto que fiz em repudio ao senso comum. Aliás, mais do que senso comum, a igualdade das coisas como sinônimo de harmonia. 


               Aquela era uma cidade verde. Localizada em um país verde. Composta por bairros cujas casas, escolas, igrejas, contratos e impostos eram todos verdes. As pessoas verdes, sempre verdes, eram treinadas para pensar e agir verde. Tudo deveria ser essencialmente verde. Verde claro; verde escuro; verde musgo, quando velhas; verde oliva, quando mortas. Enterradas no cemitério verde; conduzidas verdes plácidas a um Deus verde- acetinado.
  Quando exatamente fora eleita a cor verde ninguém sabia explicar. Mas, por que pensar outras cores se era tão mais fácil seguir o que já estava estabelecido, sacramentado e enverdecido? Ora! Diziam os cultos, o verde é a cor mais adequada; palavra curta, fácil de gastar! É a cor da cura!Diziam os médicos. É a cor da relva, cantavam os músicos... Tudo era tão harmonicamente verde quanto uma mente verde pudesse imaginar.
Um dia, por erro da natureza, nasceu um menino esquisito. Ele nascera todo deformado, colorido! O cabelo de cachinhos amarelos; a pele rosa e macia como pétalas! E os olhos?! Ah! Os olhos eram de um azul tão profundo... Tão infinitamente azuis!
Ao vê-lo os pais sentiram desgosto, mágoa e pena. Levaram na igreja; no curandeiro. Leram livros; viajaram; rezaram; prometeram! E nada surtiu efeito... Pois o menino crescia em graça, cor, e brilho.
-Como criar um filho com tantas cores em um mundo verde? Pintavam-no de verde, mas, sempre havia algum vizinho maldoso que investigava:
- É mesmo verde esse menino?
 Cansado de ficar em casa escondido, o jovenzinho partiu... Ele foi andando pelas ruas verdes, olhando nos olhos das pessoas que se viravam perturbadas. Um velho, já verde-cinza, lhe disse consternado:
- Filho, não faça isso! Sair na rua colorido é muito arriscado!
- O senhor não conhece outro multicor?
- Não vos disse nada, mas, há outro que mora isolado, muito mais sensato, a quem chamam pintor.
O jovem de alma revigorada saiu em busca do pintor. Ele certamente o entenderia; ele certamente aliviaria a sua dor.
 Ele foi se afastando da cidade verde. Deixando para trás toda unanimidade. E na medida em que seguia surgiam infinitas cores. Eram flores, bichos, galhos, rios, compondo paisagens insuspeitadas. As cores eram tão vivas que de repente sentiu-se pálido.
-Então é isso! E enquanto contemplava viu de longe o pintor que procurava.
Porém, antes que dissesse qualquer palavra, o homem virou-se; foi até ele; abriu um largo sorriso; entregou-lhe o pincel e disse:
- Até que enfim um talento! Que bom que veio, eu te esperava!  

(Patrícia Ubert)