Costumava comentar na coluna de um liberal radical. Não gosto
de radicais, mas, como sou radicalmente antipetista, ele era o meu mal menor. O
mundo é radical! Viver é radical! Deus, caso exista, deve ser radical... Em um
dos seus posts ele disse que estamos sempre às
voltas com extremos. Comparou nossos valores com um pêndulo, reportando-nos ao
velho e sábio chavão de que o equilíbrio só pode estar no meio.
Eu completaria o raciocínio dizendo que um extremo leva a outro.
Para
cada ação uma reação proporcional, explica a lei da física. Machistas, por
exemplo, geram feministas que geram mais machistas, dando movimento ao pêndulo.
Somos equivalentes a este previsível balanço. Condenados a um
“vai e vem” sem fim. Nossos
discursos extremados o eterno “tic tac” que ecoará até que a morte nos traga
alguma surdez ou novidade.
Ele
foi bem até escrever: “Estado
e Igreja eram praticamente uma só coisa. A religião oficial mandava e
desmandava, o “herege” não tinha uma vida nada fácil. No limite, tivemos até a
Inquisição e um índice de livros proibidos. Nada mais legítimo do que o
iluminismo, as bandeiras racionalistas e laicas de pensadores como Voltaire e
Hume. Por que os agnósticos, ateus e crentes de outras seitas não podem conviver
em paz? Agora vamos comparar isso com o ateísmo militante moderno, que parece
confundir estado laico com antirreligioso, saindo da posição de perseguido para
perseguidor, extremamente intolerante para com tudo que remeta ao cristianismo,
ignorando inclusive que ele é parte inseparável de nossas tradições e cultura.
O pêndulo não exagerou aqui também?”.
Balela!
No Brasil não há ateus! Que dirá militantes ateus perseguidores! Por aqui
chamamos de ateu o sujeito que simplesmente manifesta uma e outra dúvida quanto
as verdades absolutas
impostas pelos ditos representantes de Deus. Basta insinuar alguma crítica às
sagradas escrituras para ser rotulado de ateu. Aliás, os nossos “ateus” sofrem
mais preconceito que gays e negros.
Os
teístas se sentem pessoalmente ofendidos quando alguém questiona os seus
dogmas, a sua moral religiosa. Manifestar-se contra as ingerências das
religiões na intimidade dos indivíduos faz daquele que se manifesta um
doutrinador cético. No entanto, quem faz discursos e sermões usando a
perspectiva do inferno eterno como método de persuasão é o crente. Isto sim é
doutrinar! Doutrina e chantagem...
Deveríamos
substituir a ideia de moral cristã pela ética cidadã. Ateus no Brasil seriam bem
vindos, eles poderiam representar o equilíbrio do pêndulo. Um pouco
menos de religião nos faria bem. Existem guerras e farsas demais em nome
do pai...
Não
ligo para teístas, desde que não instituam a crença cega e o dizimo
obrigatório. Particularmente, só quero o meu direito à
dúvida.