quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sobre o Desprezo pelo Inquestionável...


Se fosse escritora escreveria muitos diálogos, acho divertido...Segue uma das minhas diversões capengas. 

Abre-se o céu; ouvem-se trombetas;
Que tragam o réu...
- Que fez criatura maldita?
- Vi a face oculta daquele que me julga.
- E como se entregou a tal desdita?
- Visão...
- Ó cínico! Por que não lhe bastaram os instintos?
- E o juiz sabe o porquê da criação?
- Muita solidão no nada do infinito...
- Que ironia eu ser parte da vossa salvação!
- Mas, errei! Pois aqui julgo um proscrito.
- Fizestes do perfeito a imperfeição?
(Silêncio no Tribunal...)
- Antes nunca tivesse me arrancado o véu.
- Tropecei; agarrei-o para não cair do céu. Foi quando vi
Que era escravo e vós ilimitado.
- Viu pela primeira vez o imutável...
- Vi tudo, menos liberdade.
- A luz não alcança o insondável...
- Mas arde!
- Por sua demência será condenado!
- E a qual castigo julgador amado?
- A consciência da infelicidade...
- Por toda a eternidade?
- Até que a ciência o refaça.
(As asas do réu são quebradas e ele atirado a terra).
(P. Ubert)

Nenhum comentário:

Postar um comentário