terça-feira, 10 de setembro de 2019

Sobre a Perda...


Toda vez que um poeta morre, morre um pouco da poesia.


Depois que você partiu todo dia é final de domingo;
Comércio fechado; dia de acender velas no cemitério;
Todo dia venta e o céu se veste de cinza nublado;
Depois que você partiu a comédia virou tédio; o sorvete virou água;
As janelas se fecharam; as luzes se apagaram; setembro não veio, não veio maio;
Depois que você partiu o samba ficou triste; Schopenhauer me consola;
Não há cheiro de flores; não há cheiro de algodão doce; 
Não há Rock ou Beethoven ; não há crentes ou ateus;
Meus opostos se fundiram, mas não formaram algo novo;  
Depois que você partiu desejosa deste orbe doente ,
O suburbano nunca foi tão rei;  o chique nunca foi tão povo;
Os cachorros ficaram mais doidos; agosto nunca foi tão agosto;
Tatuagens ,  poemas,  risos e dilemas me dizem:
Que deuses apressam os poetas e poupam os dementes. 

P. Ubert, sem poesia; sem comédia...