Toda vez que um poeta morre, morre um pouco da poesia.
Depois que você partiu
todo dia é final de domingo;
Comércio fechado; dia de
acender velas no cemitério;
Todo dia venta e o céu se
veste de cinza nublado;
Depois que você partiu a comédia
virou tédio; o sorvete virou água;
As janelas se fecharam; as
luzes se apagaram; setembro não veio, não veio maio;
Depois que você partiu o
samba ficou triste; Schopenhauer me consola;
Não há cheiro de flores;
não há cheiro de algodão doce;
Não há Rock ou Beethoven ;
não há crentes ou ateus;
Meus opostos se fundiram,
mas não formaram algo novo;
Depois que você partiu
desejosa deste orbe doente ,
O suburbano nunca foi tão
rei; o chique nunca foi tão povo;
Os cachorros ficaram mais
doidos; agosto nunca foi tão agosto;
Tatuagens , poemas,
risos e dilemas me dizem:
Que deuses apressam os poetas e poupam os dementes.
P. Ubert, sem poesia; sem comédia...