domingo, 14 de junho de 2015

Tudo Já Foi Dito...

“Alguém já disse tudo antes,
mais  e melhor do  que eu”.

(Dirce de Assis)

Compartilho da reflexão poética acima. Minha querida amiga Dirce tem razão! A fonte é a mesma, o que difere são os escritores que aproveitam o manancial. Tudo já foi dito...Por isto me fascina o silêncio, as entrelinhas... (Patrícia Ubert)

“Tenho escrito mais versos que verdade.
Tenho escrito principalmente
Porque outros têm escrito.
Se nunca tivesse havido poetas no mundo,
Seria eu capaz de ser o primeiro?”

(Fernando Pessoa/Poemas de Álvaro de Campos)

“Todos os poemas são o mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!”

(Mário Quintana)

“Eu só escrevo quando eu quero,
eu sou uma amadora e faço questão
de continuar a ser amadora.”

(Clarice Lispector)


sexta-feira, 20 de março de 2015

Sobre o "escrever"...

“escrever” é um trabalho que exige muito esforço para que dê certo. É necessário um condutor atento; um gestor dedicado; um estudioso, e, claro, algum talento. Tudo no mundo bem pode ser fruto do acaso, salvo as boas obras literárias- P. Ubert.  


“Escrevo o que posso,
não o que quero.                               
Jogo minha rede no mar
e me afligem, mais do que os peixes
que pesco, os que deixei de pescar.”

(Dirce de Assis)

“Sou forasteiro, tourist, transeunte.
E claro: é isso que sou.
Até em mim, meu Deus, até em mim.”

(Álvaro de Campos )

“Sorte falaz a que nos guia a vida!
Por que há de ser tão rápida a aventura,
Que só amamos quando já é perdida
Ou depende de uma época futura?”

(Augusto de Lima)


“O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco esse nosso mundo...”

(Mário Quintana)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sobre o Doce e o Amargo...

Segue o trecho de um poema de Dirce, Em carne Viva, fls. 51- Ela me enviou o livro, carinhosamente, assim que o lançou. Para mim, o melhor deles!

"Defeitos e contrastes.

O que presta é imaginário, rota de fuga.
O real é desprezível, insuportável dor
que não termina.
A condenação à vida"

(Dirce de Assis- Em Carne Viva )


Alberto Caeiro é o heterônimo de Fernando Pessoa que menos aprecio, sobretudo neste poema, porque creio que lembrar é a única forma de ver...Mas, adoraria que algo pudesse me ensinar o desapego . Acho a construção linda!


" A recordação é uma traição à Natureza.

Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

(Fernando Pessoa- Poemas de Alberto Caeiro).



Fiz este poema inspirada em Baudelaire. Ele, em muitos dos seus poemas, dialoga com os seus prováveis leitores. 

Tu que me adivinhas;
Eu que te pressinto;
Rodopiamos nus nas entrelinhas.
Toma um dos meus poemas!
-o mais ingênuo deles-
Receba-o, absinto!
E no silêncio da reticência
Sorve esta alma sem amor!
Deixa que entre cálices e versos
Encontremo-nos,
Ó ébrio! Ó leitor!

(Cúmplices- Patrícia Ubert- Poemas Cáusticos)

Por fim, não me canso desta reflexão inundada de poesia de Clarice Lispector. Já postei aqui várias vezes, mas me encanta de um modo avassalador.

Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão".