sexta-feira, 26 de julho de 2019

Sobre Deuses, Suassuna e Camundongos.



        A maioria das nossas convicções são meras reproduções do pensamento alheio. Pouquíssimos são os que concluem por si mesmos, e, excepcionalmente raros, os que ousam não concluir nada. Ariano Suassuna planejava dedicar seu último romance a Lula, eu dedico meu texto a Bernardo e Bianca.       
            Há causa para tudo,dizem. Um amigo me enviou reflexão bonita sobre as causas das coisas no mundo... Sofrimentos, injustiças, desencontros, desgraças  pelas quais passam todos os que vivem. Segundo ele,  Deus redime tudo! É preciso que exista um Deus que possa dar significado as coisas desalmadas do mundo,  do contrário, por que nasceríamos nele? A este Deus cabe converter  dor em redenção;  injustiça em oportunidade;  desencontro em experiência e  desgraça em esperança.
            E como poderia ser diferente? Como conceber e suportar um mundo sem os seus porquês, sem a resposta que possa como o clarão de um farol guiar à vida indefinidamente. Bastaria-nos a morte, concluiu meu amigo, concordando literalmente com Ariano Suassuna.
            Pois bem, quem sabe, não  nos baste a morte?  Sim, a inexorável finitude. Sem clarões, fogos, respostas, ou ressentimentos do prazer que nunca permaneceu. A Senhora do nada, a única certeza possível, trazendo descanso a tudo que corre inevitavelmente para ela.  O Silêncio absoluto das sensações que apaga as coisas desalmadas do mundo.
             Que conhecimentos sobre os supostos mistérios da vida fazem diferença à vida, se um camundongo pode viver sem porquês. Não seria presunção supor que não podemos? E sobre a morte, que é coisa sobre a qual só se poderia saber morrendo! Sempre me pareceram igualmente sábios o cadáver de um homem e o de um camundongo.
            É uma possibilidade que para a vida baste a morte; já que para a morte basta a vida. E Deus? Ele parece mesmo ser demanda exclusiva da nossa espécie. Camundongos, por exemplo, são cem por cento ateus.                                            
  

segunda-feira, 22 de julho de 2019

22 E Não Sei o Quê...

Depois de muito tempo resolvi postar hoje. Não há nada de especial com o dia de hoje; talvez, porque todos os dias sejam especiais. Enfim...A questão é que hoje é dia 22 e porque gosto do número 22 decidi postar. Há coisas que não tem explicação, um “não sei o quê”...Coisas inacessíveis ao mundo material e concreto do meu 22. 

OBS: Segundo a numerologia o “22” representa o mundo material e concreto. 

Ah, esse não  sei o quê que mexe com a gente; 
Essa exceção de porquês renitentes;
Essa sanha, esse não mais que de repente,
Acordando os sonhos dormentes;
Ah, esse não sei o quê,
Que é a saga do voo  tentado
Emoção que a razão nunca indaga;
Mistério  que impele as asas ao vento...
Mesmo com a queda iminente;
Que mal fizemos a Deus para esse eterno avante?   
Essa saga, essa sanha, esse sonho...
Esse não sei o quê que nos conduz adiante.

Patrícia Ubert...2 Não Sei o Quê 2