quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sobre o Doce e o Amargo...

Segue o trecho de um poema de Dirce, Em carne Viva, fls. 51- Ela me enviou o livro, carinhosamente, assim que o lançou. Para mim, o melhor deles!

"Defeitos e contrastes.

O que presta é imaginário, rota de fuga.
O real é desprezível, insuportável dor
que não termina.
A condenação à vida"

(Dirce de Assis- Em Carne Viva )


Alberto Caeiro é o heterônimo de Fernando Pessoa que menos aprecio, sobretudo neste poema, porque creio que lembrar é a única forma de ver...Mas, adoraria que algo pudesse me ensinar o desapego . Acho a construção linda!


" A recordação é uma traição à Natureza.

Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

(Fernando Pessoa- Poemas de Alberto Caeiro).



Fiz este poema inspirada em Baudelaire. Ele, em muitos dos seus poemas, dialoga com os seus prováveis leitores. 

Tu que me adivinhas;
Eu que te pressinto;
Rodopiamos nus nas entrelinhas.
Toma um dos meus poemas!
-o mais ingênuo deles-
Receba-o, absinto!
E no silêncio da reticência
Sorve esta alma sem amor!
Deixa que entre cálices e versos
Encontremo-nos,
Ó ébrio! Ó leitor!

(Cúmplices- Patrícia Ubert- Poemas Cáusticos)

Por fim, não me canso desta reflexão inundada de poesia de Clarice Lispector. Já postei aqui várias vezes, mas me encanta de um modo avassalador.

Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão".