"Defeitos e contrastes.
O que presta é imaginário, rota de fuga.
O real é desprezível, insuportável dor
que não termina.
A condenação à vida"
(Dirce de Assis- Em Carne Viva )
Alberto Caeiro é o heterônimo de Fernando Pessoa que menos aprecio, sobretudo neste poema, porque creio que lembrar é a única forma de ver...Mas, adoraria que algo pudesse me ensinar o desapego . Acho a construção linda!
" A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"
(Fernando Pessoa- Poemas de Alberto Caeiro).
Fiz este poema inspirada em Baudelaire. Ele, em muitos dos seus poemas, dialoga com os seus prováveis leitores.
Tu que me adivinhas;
Eu que te pressinto;
Rodopiamos nus nas entrelinhas.
Toma um dos meus poemas!
-o mais ingênuo deles-
Receba-o, absinto!
E no silêncio da reticência
Sorve esta alma sem amor!
Deixa que entre cálices e versos
Encontremo-nos,
Ó ébrio! Ó leitor!
(Cúmplices- Patrícia Ubert- Poemas Cáusticos)
Por fim, não me canso desta reflexão inundada de poesia de Clarice Lispector. Já postei aqui várias vezes, mas me encanta de um modo avassalador.
" Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão".