quarta-feira, 27 de julho de 2016

Sobre a Verdade: "Quid est veritas?"


A verdade do outro é o nosso ponto cego...

       Creio que a única verdade que me cabe e alcança é a minha; sou do tamanho dela. Não adianta ler, ver, ou ouvir a verdade do outro. Só capto a verdade do outro na minha medida, proporcionalmente a ela. Tudo que não faz parte da minha verdade é mentira. Tudo se constitui a partir do meu egoismo cego.
       Um dos diálogos mais intrigantes que já li é o supostamente ocorrido entre Jesus e Pilatos. Jesus diz: “Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”. Pilatos, retruca: “Que é a verdade?” Ele não obtém resposta. Ou Jesus silenciou-se porque não sabia, ou, porque sabia, silenciou-se.
    Todas as opções me levam a crer que a verdade não existe, ao menos não a partir do outro. Se Jesus conceituasse a verdade só poderia fazê-lo a partir de si mesmo, logo, inalcançável a Pilatos. Existe também a possibilidade do silêncio ter servido de metáfora; o objetivo foi deixar subentendido que para coisas muito complexas as palavras são insuficientes-.
     É mais provável que Jesus tenha se calado por prudência que por ignorância. Fez bem... Pilatos, melhor ainda. Se a verdade existe para além de nós mesmos o único modo de conhecê-la é questionando.

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