quarta-feira, 12 de junho de 2024

Sobre Possibilidades...

Dia dos Namorados

    É um dia comercial. Deu em uma quarta-feira. O amor romântico é cafona. A monogamia é contrária à natureza. Mas eu preciso escrever que neste final de semana fiquei “apaixonada” pela paixão de duas criaturas, duas meninas ainda adolescentes. 

    Ju e Carol vocês me fizeram ter vontade de ser 'monogamicamente cafona". A  minha reflexão poética é  para vocês...

 

Tenho jantado com deuses no Olimpo

que nos controlam o instinto do apetite

(bem sei,os mais interessantes são os famintos).

Brindo a elas que se comem sem pudor;

entregues a fantasias, cataclismos,

matando a fome no amor...

Enquanto o mundo se derrama em preces;

enquanto nos vestimos de hipocrisia;

enquanto as almas se congelam em teses;

Elas se despem e se inflamam de alegria.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Sobre Iceberg e chamas

 


    Um colega de trabalho, muito querido, me emprestou “toda poesia” de Paulo Leminski. Para continuar na “vibe” cold, posto "iceberg" uma das minhas favoritas. Como não poderia deixar de ser, para compor  o paradoxo, após o iceberg, tasco a minha reflexão poética, chamas. Vai ver não há paradoxo...o gelo também queima.

Iceberg

Uma poesia ártica,
claro, é isso que desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxames de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.

Paulo Leminski

 

Chamas

A minha alma gêmea está inacabada, sequer nasceu ainda;

Deus deixou -me à metade, se distraiu no WhatsApp;

Esperarei com calma esta chama interrompida.

(Deus, estais online?)

Se eu pudesse escolher uma alma gêmea de estimação, escolheria Fernanda Young , loira, claro.

sábado, 1 de junho de 2024

Sobre "Cold Song"

          Se o demônio é vermelho, quente, Deus só pode ser o oposto...Para ele, uma canção fria...

                       Alguns dos meus amigos são de uma "goianidade" ímpar, gostam muito de música sertaneja.  Eu tolero, com alguma cerveja. A cerveja em quantidade sensata tem o poder de minimizar as coisas; de retirar a sensatez, obscurecer os sentidos...

              Outro dia Sandro “me obrigou” a ouvir funk. Aumentei os goles, porque funk é muito para mim que gosta de "cold song". Não me atrevo a apresentar Klaus Nomi a ele, poderia ficar clara a nossa incompatibilidade o que nessa altura do campeonato não seria razoável. Klaus Nomi era alemão, idioma no qual Sandro tem fluência. Eu não entendo nada de alemão, como também não entendo nada quando ouço nossos funks. Achei que seria interessante poetizar a minha sensação sobre "cold song".

              O que escrevo abaixo é apenas uma sensação.Uma pessoa que amo muito estava com depressão e escreveu em um poema que pensou em se matar, atirando-se da ponte do Brooklyn. Ela acabou desistindo, porque amava pontes, em especial aquela...Morreu sozinha, sem pontes para cruzar.

 

Céu, gelo, dor.

A ponte do Brooklyn lhe parecia tão serena;

retirada do sossego do nada,

atirada no exílio frio e desalmado;

sem paz, à mercê das virtudes e vícios.

Agora dorme, finalmente sossegada.

Cruzo a ponte e penso nela...

tínhamos a mesma sanha, buscávamos a mesma verdade.

Qual o caminho de volta para casa,

Que anjo ou demônio me guiará ao antigo ninho?

Eu, que sou inflamável o tempo todo...  

Deus idolatrado! Me congele para que eu não sofra!

Cold, cold, cold...

A ponte, a ponte,  aponte.