quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Sobre Verdades e Mentiras...

      

    Ser poeta é fingir o que deveras se sente, como bem disse Fernando Pessoa. O verdadeiro poeta calcula, mede, encaixa... A inspiração é para amadores como eu. Só o verdadeiro poeta tem a prerrogativa da mentira; quem escreve por inspiração, o falso poeta, tem a obrigação de ser sincero. Vou de Fernando Pessoa que aqui se traveste de Ricardo Reis (quem se travestirá de Fernando?).

   

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-me. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.
Que mais quero?

(Ricardo Reis)  

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Sobre o Lusco-fusco x "Je vois la vie en rose"

O Lusco-fusco é a transição entre o dia e a noite; entre o pôr do sol e o anoitecer. Eu amo o lusco-fusco. Coisas entre coisas me fazem pensar em coisas; me fazem crer que sempre há várias gradações de coisas entre uma coisa e outra coisa, o que torna todas coisas fragmentos de uma mesma coisa.  

    Ia postar alguma das minhas reflexões poéticas cheias de filosofia de banheiro, como bem escreveu minha querida amiga Dirce de Assis, mas resolvi tomar outro rumo...Tomar outro rumo me dá a sensação de que realmente posso tomar rumos diferentes; que tenho opções, algum livre arbítrio.

 

O lusco-fusco é laranja; ele exala o seu cítrico-doce em todas as músicas que ouço.

E como já não tenho forças, não luto, apenas rodopio...

Estou sem palavras; sem literatura; sem verso; sem prosa;

Sou só o cume do confuso que segue esse outro rumo;

Outro universo, que é rosa; que é rosa, rosa...