Ser poeta é fingir o que deveras se sente, como bem disse Fernando Pessoa. O verdadeiro poeta calcula, mede, encaixa... A inspiração é para amadores como eu. Só o verdadeiro poeta tem a prerrogativa da mentira; quem escreve por inspiração, o falso poeta, tem a obrigação de ser sincero. Vou de Fernando Pessoa que aqui se traveste de Ricardo Reis (quem se travestirá de Fernando?).
Não
sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-me. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.
Que mais quero?
(Ricardo Reis)
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