quarta-feira, 26 de abril de 2017

Deus é brasileiro. Ôba, ôba, ôba...

Cresci ouvindo que Deus é brasileiro. Esta máxima nunca fez tanto sentido quanto agora. Vai ver é mesmo...  Estava tentando assistir ao filme “Cidade de Deus” pela quinta vez, mas nunca chego nem na metade. Meu gosto para filmes é duvidoso. Embora os diálogos não exijam muito do telespectador, basicamente, “caralho”, “porra” e “filho da puta”, admito que tenho dificuldade com a mensagem. Resisto em associar bandidagem com revolução social.
Talvez isto aconteça porque não seja de esquerda, explico: a nossa esquerda romantizou o crime, especialmente o crime organizado. Para eles o crime é uma resposta louvável, a única possível, para quem não é branco e rico. Não é à toa que idolatram caras como Che Guevara.  O hino dos supostos “Robin Hood” dos morros, cantado por Jorge Ben Jor, traduz bem o fenômeno. Jorge Amado também transformou malfeitores em heróis de um modo poético, sobretudo, em Capitães de Areia. As personagens são tão envolventes que dá vontade de sair por aí com uma arma mostrando que essa porra de lei é para otário cumprir!
Não sou contra retratarmos as nossas mazelas, desde que sejam apresentadas como tal e não com adornos e brocados. O Brasil pós-ditadura toma com muita facilidade seus bandidos por heróis. Se um sujeito mata outro por um celular, não é sensato dizer que  a culpa é de quem morreu. Deveria ser óbvio, mas graças a inversão dos papéis de vitima e agressor, em muito disseminada por esta geração patética de comunistas Disney, ficamos sempre com a sensação de que o fato justifica-se na desigualdade social. Se o morto for branco e o matador negro, fica mais compreensível ainda. Isto faz do criminoso um justiceiro e do crime o justo.
Um crime não é um feito louvável, ao menos não em uma sociedade civilizada.  Mas, façamos uma reflexão sincera: o Brasil ainda está longe de ser uma sociedade civilizada. Não por outra razão bandidos podem ser facilmente eleitos e reeleitos a despeito de seus crimes.
          Nós temos essa tendência de nutrir admiração por malandros e malfeitores que se intitulam protetores e representantes dos fracos e  oprimidos, estejam eles atuando nos altos escalões dos morros, avenidas, instituições... Se os nossos anjos são reconhecidos pelo calibre de suas armas, não me parece estranho que Deus seja brasileiro... Além, é claro, dos otários cumpridores de ordens e leis que também nasceram aqui. 

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