quarta-feira, 19 de abril de 2017

Lava Jato, Tiradentes e Baleia Azul


O Brasil está cada vez mais ordinário. Vemos dia após dia, delação após delação, na rotina dos telejornais, que patinamos na lama. Sem muita vontade de poetizar, em um ato de desespero, tentei distrair minha mente da interminável novela Lava Jato.
Para contrapor peguei pesado! Ofuscar tamanha vagabundice exigiria algo igualmente reles. O fim da picada... Primeiro, ocorreu-me jogar tarô online. Descobri que cada carta tem um significado. Você sorteia uma e ela diz tudo sobre sua missão de vida.
 Sem muita fé escolhi, saiu o enforcado. O enforcado, no tarô, refere-se ao apostolado patriótico com ideias voltadas para o futuro, redundando no auto sacrifício por algo valioso. Muito sintomático, considerando que no próximo dia 21 de abril homenageamos Tiradentes. Ele, que morreu para nos salvar de um povo corrupto e opressor, exploradores que nos roubavam e enviavam tudo para fora do país. Após uma breve reflexão, concluí que a carta mais adequada para mim e Tiradentes seria o trouxa, mas parece que não existe no Tarô,o que me fez desistir da incursão esotérica.
 Persistente, decidi continuar tentando. E eis que em meio ao mar de lama das delações feitas por ex-dirigentes da Odebrecht me surgiu à imagem da misteriosa baleia azul... Comecei imediatamente a pesquisar. Descobri que o jogo consiste em uma série de desafios que incluem sacrifícios, que vão desde jejum prolongado a autoflagelação, podendo, inclusive, culminar com a morte do jogador.
 Para minha decepção percebi que não tinha nada de novo, a mesma rotina... Basta recordar a proposta católica da Idade Média: sofrimento, incluindo autoflagelação, promessas e jejuns. Regras inventadas para nos manter sob total controle. Que falta de criatividade! Embora tenha muita simpatia por baleias, não deu para aderir a algo tão antiquado.
 Sem opção, como último recurso, decidi dar uma espiada na previsão do dia para os sagitarianos. Segundo li, estou entrando em um período de rotina intensa. Tudo segue sem a menor novidade...   Patinando, me dirigi até a sala de TV para assistir a reprise das delações premiadas, a única coisa real, darwiniana, em meio a tantos sacrifícios e ideais vãos. “Tiradentes patriota que morreu pelo Brasil, com  a gratidão saudamos este vulto varonil”. E salve as baleias!

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