O poema Tabacaria
de Álvaro de Campos, de longe o meu heterônimo favorito de Fernando
Pessoa, é um dos que mais aprecio. Intimista; de uma inquietação ímpar, um
desassossego! Gosto da ideia da farsa, do dominó desajustado com o qual nos
vestimos para as convenções.
Abaixo a
minha reflexão quase poética, quase...
Arrancado do sossego do nada, lançado neste planeta
desassossego;
entregue ao instinto da vida vou seguindo; fechando
portas invisíveis,
nadando em risos reprimidos, sempre eu, sempre esse
espectro mascarado; sempre eu, sempre esse desassossegado.
Fer-nan-do... Que verdade escreveu e rasgou;
que mentira contada te revelou mais do que o verso rejeitado? Medo, vergonha
ou tédio? Diga-me! Revele-me na sua complexidade! Sou o seu leitor, igual, sem
remédio, despido no oculto enredo; vestido com aquele mesmo dominó ras-ga-do. O
carro segue, o mundo continua girando...E como passa rápido do lado
de fora; e como por dentro é uma eternidade...
P. Ubert
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