sexta-feira, 19 de junho de 2020

MAYDAY! MAYDAY!



                         

                        O Brasil vem sendo comparado  a uma aeronave; se assim for, estamos em estol. O estol é a perda da sustentação, nestas condições a aeronave não voa, ela cai.
                     Quando o avião está em queda livre a maioria dos passageiros percebe que há lago errado; os brasileiros, ao contrário, não se dão conta... Brigam por espaço, dormem, discutem amenidades...Cegos prestes a se espatifar. Isto é o que mais me intriga e revolta: o nosso descaso ante a iminência da queda. 
                         Entre os destroços estarão a democracia, a liberdade de expressão, o avanço econômico e social, as garantias individuais e coletivas. O resto do mundo chegando inteiro ao destino e nós no meio do oceano, sem entender como uma aeronave tão maravilhosa pode cair assim...
                     Um dia as caixas pretas  dirão quem foram os culpados; o futuro sempre põe as coisas nos seus devidos lugares. No meu íntimo, suspeito que todos sejamos responsáveis na medida das nossas ações e omissões. E como toda tragédia evitável ficará sempre aquela sensação de que poderia ter sido diferente, porque poderia. Espero, sinceramente, que as futuras gerações sintam vergonha de nós, deste momento, do que estamos deixando para elas.
                        Todo brasileiro, especialmente os que lutaram pela redemocratização, tem obrigação moral de venerar a constituição; todo mundo que viu o arrefecimento da inflação deveria se preocupar com as contas públicas; todos que acompanharam o surgimento das leis de licitações,  gastos públicos, responsabilidade fiscal, precisam demonizar os mandos , a "politicagem" indiscriminada...Todo mundo que acompanhou os primeiros passos da  visibilidade  feminina, dos negros e homossexuais, precisa rechaçar tudo que tenta esvaziar estas conquistas sociais.
                        É preciso encontrar pessoas que tenham vocação para conciliar; que lutem pela democracia e tenham na justiça o seu grande ideal. Estas pessoas devem conduzir o voo. Fala-se muito que o Brasil precisa de esperança para sair da crise; nós não precisamos de esperança, mas de um plano de voo, de um mapa. Necessitamos nos situar e compreender cada um dos círculos do inferno em que nos metemos.  O que nos falta é a capacidade de identificar e colocar as pessoas aptas a pilotar na cabine de comando.

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