Sérgio Moro acabou se tornando uma espécie de
garoto propaganda da Lava Jato. Era óbvia a sua parcialidade nas questões que
envolveram a trupe petista. Todos nós
sabíamos que em alguns momentos as investigações extrapolaram limites, no
entanto, o fim sublime de estancar a sangria que Lula havia imposto ao país,
bem como torná-lo inelegível, justificou a adoção de alguns meios
questionáveis. Todo mundo se vestiu de verde e amarelo, todo mundo se vestiu de
Moro. Eu mesmo fui até Brasília acompanhar de perto as votações; quis
participar de um momento histórico: a nossa “desesquerdização”. Temia que
enveredássemos por caminhos menos democráticos com a continuidade petista.
Moro não começou o desmantelamento
da esquerda sozinho. Era óbvio que ele contava com apoio político, o que
significava poder. Havia um objetivo claro que era o de
colocar um representante da direita na presidência. Os partidos de centro, os que não
são e nem deixam de ser não serviriam; teria de ser um assumido. É preciso
fazer um parêntese: na época do impeachment da Dilma não ficou tão claro para
mim o forte vínculo do movimento com a religião evangélica - se fica, eu jamais
teria apoiado- Os líderes evangélicos brasileiros estavam articulando nos
bastidores o “pacote”. O nosso liberalismo viria casado com o conservadorismo
exacerbado que tão bem os caracteriza.
O PT, expoente máximo da esquerda
brasileira, rivalizava com a direita na economia e nos costumes. A esquerda é
progressista nos costumes e retraída quando o assunto é menos Estado nas
questões econômicas; a nossa direita admite o recuo do Estado na economia, mas
quer agigantá-lo na vida pessoal do cidadão. É de acabar o tereré de Ponta
Porã!
Eis que surge neste contexto, o
Messias. O sujeito branco e rico, representante de uma elite que cansou de ter
vergonha de ser elite; que resgata os valores do patriarcado com sua
metralhadora imaginária, ao mesmo tempo em que se deixa batizar nas águas do Jordão.
Bolsonaro vestiu-se de verde e amarelo e apropriou-se de todo o capital
político construido pela Lava Jato; em par com esta jogada ele fez um marketing
feroz nas redes sociais, apoiado por grupos religiosos que fidelizaram os votos
dos seus adeptos. A cereja do bolo foi a declaração de que Moro seria o seu
Ministro da Justiça.
Ocorre que a metralhadora saiu do
controle e o menino meteu as mãos no bolo derrubando a cereja. Moro que restava
diminuído retirou-se do governo tentando desacreditar Bolsonaro; a estratégia
que o havia consagrado no caso do PT, parece não ter surtido efeito algum no
Messias. Moro foi tão minado que é preciso urgente desvencilhá-lo da Lava jato
para que ela não afunde junto com ele.
Não foi só para Moro que o tiro saiu pela culatra; eu sempre me pego pensando
na viagem que fiz para Brasília...Mal sabia que em breve seria forçado a
votar em um candidato petista para não votar no Bolsonaro. Fato é que o único
tiro certeiro foi o do Messias, em nós...
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